Lago Norte, Park Way, Lago Sul, SIA, São Sebastião e Plano Piloto são os locais onde moradores não têm respondido aos questionários. Pesquisa é importante para traçar perfil socioeconômico do DF e formular políticas públicas mais eficientes
Por Jak Spies, da Agência Brasília | Edição: Saulo Moreno
Para elaborar políticas públicas que se adequam a cada região é necessário registrar os dados populacionais de cada área. Com esse objetivo, o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) realiza a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), que já apurou dados em 92% dos domicílios que compõem a amostra.
Moradores que se recusam a abrir as portas para responder o questionário dificultam a coleta dos dados e o mapeamento de algumas regiões | Fotos: Matheus H. Sousa/Agência Brasília |
Contudo, mesmo na reta final de coleta, há moradores que recusam abrir as portas para responder o questionário – o que dificulta a coleta dos dados e o mapeamento de algumas regiões. Durante o mês de julho, pesquisadores focam em áreas com maior recusa de atendimento, como o Lago Norte, Park Way, Lago Sul, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), São Sebastião e também o Plano Piloto.
A diretora de Estatísticas e Pesquisas Socioeconômicas, Dea Fioravante, explica que a pesquisa utiliza o método estatístico amostral, onde domicílios são sorteados e a amostra coletada é representativa para o restante da população.
“Essas informações são fundamentais para orientar decisões governamentais, alocação de recursos e implementação de programas que visam melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Além disso, ajuda a identificar desigualdades e áreas prioritárias no desenvolvimento regional”, reforça o administrador regional do Lago Norte, Marcelo Ferreira.
O estudo começou em novembro de 2023 e é um levantamento de dados das regiões administrativas, a área rural do DF e os 12 municípios do Entorno. O diretor-presidente do IPEDF, Manoel Clementino, destaca que a pesquisa ampliada é composta de uma etapa de preparação e planejamento onde as equipes de campo são treinadas para seguir ao trabalho de campo efetivamente.
Na última etapa, há o tratamento estatístico dessas informações, para que possam ser transformadas em dados e utilizadas na formulação das políticas públicas, entrando para uma base de dados composta por 25 mil domicílios entrevistados e agrupados por problemas comuns, RAs, faixa etária e demais classificações. Ao final, os dados são consolidados com os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Os principais desafios da etapa de campo têm sido relacionados com o acesso aos domicílios e a disposição da população em atender nossos pesquisadores. E existe também a recusa por parte do morador de responder à pesquisa, seja porque não tem tempo, porque não conhece o que está acontecendo ou por desconfiança”, observa.
Pesquisa segura
Além dos agentes de coleta estarem uniformizados com o colete marrom com o nome do IPEDF, há outra ferramenta de reconhecimento dos agentes para a população, que é um QR Code no celular capaz de direcionar até a página da pesquisa com o nome do agente. Assim, antes mesmo de abrir a porta, o morador pode apontar a câmera do celular e fazer a leitura da codificação e verificar que é de fato uma pessoa cadastrada do instituto que está ali pra fazer a pesquisa.
“É muito necessário que o morador sorteado receba o agente de coleta. É uma pesquisa segura, a gente não usa nenhum dado individualmente. O único dado individual que a gente usa é o primeiro nome e o telefone porque entra em contato para ter certeza que o questionário foi coletado naquele domicílio e que não foi fraudado, cumprindo nosso plano amostral”, complementa a diretora de estatística do IPEDF.
A pesquisadora Mia Leão pontua que as perguntas que serão feitas envolvem infraestrutura, saúde e outros ângulos sociais que analisam se é necessária a implementação de uma nova linha de ônibus, reforço das linhas já existentes, construção de creches em uma localidade onde existe um quantitativo maior de crianças, entre outras ações.
“A partir do momento em que o morador responde, por exemplo, que o asfalto está ruim, é uma chance que o Governo do Distrito Federal tem para ver se condiz e melhorar”, declara. “Quando eles colocam um bloqueio para nos receber, estão simplesmente perdendo a oportunidade de dizer as dificuldades e melhorias que eles necessitam aqui no lugar”, acrescenta Mia.
Oportunidade aproveitada pelo aposentado Célio Alves Pereira, que é morador do Lago Norte. Após receber a pesquisadora ele enfatiza a importância de participar da pesquisa. “Foi tranquilo, embora seja um questionário longo. Mas é importante fornecer informações que podem ser úteis e até necessárias para que o GDF desenvolva políticas públicas para melhoramento das condições de segurança, de saúde e futuras ações. Acho que a pessoa se identificando, mostrando documento direitinho e explicando o motivo da visita, não há problema. Se todo mundo puder colaborar, fica o pedido”, ressalta o morador.