Emater-DF introduz sistema de plantio direto em produções de agricultores familiares da capital e resultados são imediatos, com aumento da sustentabilidade do solo e economia de recursos
Por Victor Fuzeira, da Agência Brasília | Edição: Débora Cronemberger
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) orienta produtores locais sobre uma técnica inovadora de plantio direto em produções de hortaliças do Distrito Federal. A prática, que já tem mostrado resultados promissores em outros estados, está sendo implementada pela primeira vez na capital federal.
Mais sustentável e integrado com o meio ambiente, o plantio direto é uma técnica agrícola que minimiza o revolvimento do solo, mantendo a cobertura vegetal na superfície. Essa abordagem já é amplamente utilizada em culturas como soja e milho, mas a aplicação em hortaliças é uma novidade no DF.
“Nossa produção aumentou bastante. Com um custo médio de R$ 700, está sendo possível retirar quase R$ 7 mil em hortaliças”, diz o produtor Wildes Max de Oliveira | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília |
A Emater acredita que a prática pode trazer benefícios para a sustentabilidade e produtividade de pequenas propriedades rurais. Segundo os técnicos agrícolas, os agricultores adeptos da prática costumam ter melhores resultados na conservação do solo, que retém mais umidade, fica mais fértil e apresenta melhor conforto térmico.
“É um sistema inovador para o DF, mas não é novo e já ocorre em lavouras de grãos. Ainda está incipiente entre os produtores de hortaliças locais, mas já estamos introduzindo a técnica e, em algumas propriedades, o sistema já foi utilizado, com bons resultados”, explica o técnico Márcio Meirelles.
Segundo Meirelles, outro benefício direto da adoção do plantio direto é a economia. “Pode aumentar a produtividade, mas, com certeza, o primeiro impacto é a redução de custos e de mão de obra. A economia é absurda com essa tecnologia”, ressalta.
O técnico da Emater-DF Márcio Meirelles diz que o plantio direto gera mais economia para os produtores rurais |
Uma das propriedades escolhidas como piloto para a adoção do sistema no DF fica no Núcleo Rural Taquara, em Planaltina, e pertence ao agricultor familiar Wildes Max de Oliveira, de 25 anos. Apesar do pouco tempo no ramo, o produtor já colhe resultados expressivos. “Nossa produção aumentou bastante. Com um custo médio de R$ 700, está sendo possível retirar quase R$ 7 mil em hortaliças”, conta.
Esse salto nas vendas de Max, como é conhecido, viabilizou investimentos na expansão da propriedade e, consequentemente, na produção de hortaliças. “Esse recurso obtido com as vendas e com a economia que tive com esse sistema me permitiu comprar maquinário, ampliar o reservatório de água, investir na plantação e abrir mais espaços para cultivo”, detalha.
Produção de destaque
Ao longo de 2023, o DF produziu 260,9 mil toneladas de hortaliças – índice 10% maior do que no ano anterior. A atividade tem atraído cada vez mais investidores, principalmente agricultores familiares, donos de pequenas propriedades no DF e Entorno, que contam com apoio do Governo do Distrito Federal (GDF) para fortalecer o segmento e diversificar a produção. O valor da produção bruta de hortaliças em 2023 foi de R$ 1.766.380.707,64.
A maior parte dos insumos desse cultivo permanece na capital federal. Enquanto outras culturas são mais voltadas para produtos de exportação, 70% das hortaliças que são colhidas aqui vão para a mesa dos brasilienses e para a merenda escolar servida nas escolas da rede pública.
O campeão da produção é o também queridinho nos cardápios: o tomate. Além de um componente importante de saladas, o fruto vai bem tanto como ingrediente para molhos quanto em pratos mais elaborados, e teve a maior safra em 2023 no DF: 41,6 mil toneladas. Quase 700 produtores investem no alimento, que representa 15,95% da produção olerícola na região.