Especialista do Instituto de Neurologia de Goiânia recomenda que as pessoas façam check-up para diagnóstico precoce de demências e controle da evolução da doença
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Recentemente, foi revelado que o do ex-repórter da TV Globo, Maurício Kubrusly, 77, foi diagnosticado com Demência Frontotemporal (DFT).
Ainda não há medicações que curem as demências, mas há alguns tipos de demências que são tratáveis e reversíveis, segundo o neurologista Iron Dangoni Filho, do Instituto de Neurologia de Goiânia, pertencente à Kora Saúde. O médico defende que o diagnóstico precoce pode identificar a causa da demência para que seja feito o tratamento correto.
Tipos de demências
Entre as demências, a principal é a Doença de Alzheimer (DA), que corresponde a 60% de todas as demências.
Também é considerada comum a Demência Vascular, que está associada a fatores de riscos cardiovasculares, como pressão alta, diabetes, colesterol alto, tabagismo, ingestão de bebidas alcoólicas, obesidade, sedentarismo e alimentação desregrada. Segundo o dr. Iron Dangoni Filho, este é o segundo tipo de demência mais comum.
Depois disso, há a Demência com Corpúsculos de Lewy, que geralmente está relacionada a quadros parkinsonianos, associados à sonolência e ao quadro cognitivo; e a Demência Frontotemporal (DFT), que traz mudanças na personalidade e na conduta social, entre outras.
Lapsos de memória
A atriz Vera Holtz, 70, em documentário lançado sobre sua vida, revelou que está tendo lapsos de memória: “Eu acordo e não me lembro. Às vezes eu nem sei onde eu estou”, disse a atriz.
De acordo com o neurologista, é comum, a partir dos 65 anos, as pessoas já começarem a sentir uma perda de memória, o que é próprio da idade. Mas, apesar de nem sempre representarem demências, os lapsos de memória precisam ser investigados.
O especialista recomenda que as pessoas procurem fazer check-up da memória antes mesmo de sentirem os sintomas da perda cognitiva.
“Alguns pacientes fazem esse check-up enquanto não têm nenhuma suspeita de demência, apenas para investigar como está a memória e outras áreas da cognição. Por outro lado, há quem procure o check-up em um contexto de possibilidade de demência, como um início de esquecimentos”, explica o neurologista.
Dr. Iron Dangoni Filho afirma que essa investigação é importante, principalmente, para pessoas com idade a partir de 60 anos, quando “já vem à cabeça o risco de Doença de Alzheimer”. Porém, ele recomenda o check-up também para pessoas mais jovens.
Investigação
De acordo com o médico do Instituto de Neurologia de Goiânia, nesse check-up são investigados não apenas a memória, mas outros aspectos que estão relacionadas a ela, como a atenção, as funções executivas, a linguagem, as alterações constitucionais do sono e do humor – como quadros depressivos e de ansiedade – e alterações hormonais.
“A gente faz um rastreio laboratorial geral, por meio do qual analisamos funções de diversos órgãos, como dos rins, do fígado, da tireoide e dosamos vitaminas. Isso serve para avaliar se há algum outro causador das alterações de memória. Além disso, nós fazemos exames de imagem, a depender da hipótese, como ressonância magnética e exames funcionais do cérebro. Em casos mais específicos, a gente pode lançar mão de biomarcadores, os quais podem ser avaliados no líquor”, explica o neurologista.
Diagnóstico precoce
Assim como em várias outras doenças, o diagnóstico precoce ajuda os médicos a estabilizarem a evolução da doença. “Nós ainda não temos à disposição medicações que curem as demências, mas existem demências que são tratáveis e reversíveis. Então, é importante entendermos a causa da demência para fazermos o tratamento correto”, afirma o neurologista.
O especialista destaca que, nas doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e outras demências, o diagnóstico precoce ajuda na adoção de medidas que façam com que a evolução seja mais branda, lenta e, com isso, a pessoa acometida tenha um envelhecimento com mais qualidade de vida, além de um início precoce de tratamento direcionado.
Atualmente, de acordo com o dr. Iron Dangoni Filho, há como ser feito o diagnóstico através de biomarcadores no líquor – que é líquido coletado na coluna abaixo da medula espinhal. “Nós podemos fazer o diagnóstico até 10 a 20 anos antes de a doença se manifestar, só que isso não é recomendado para todo mundo”, informa o neurologista, acrescentando que esse tipo de diagnóstico, antes mesmo de surgir o quadro inicial da doença, é importante para os médicos poderem direcionar o diagnóstico a um tratamento específico.
Por outro lado, o médico explica que, hoje, não há a recomendação de se fazer esse exame com biomarcadores em pessoas sem sintomas, porque não há tratamentos curativos, ou seja, se for feito o diagnóstico, não se conseguirá reverter ou evitar o início da doença.
Novos horizontes
Dr. Iron Dangoni Filho informa que, no ano passado, foi anunciada, pela primeira vez, uma medicação que tem reduzido a evolução da doença de Alzheimer – o Aducanumab. “Este ano já saiu uma segunda medicação, mas ainda estão sendo estudados os seus benefícios”, diz o médico, otimista com possíveis aprovações de medicações que possam trazer benefícios e mudar a trajetória da Doença de Alzheimer.
Outro ponto importante, conforme o neurologista, é que, no mês de julho, foi feita uma conferência da Associação Mundial de Alzheimer, em Amsterdã (Holanda), na qual foram discutidos novos critérios de diagnósticos para a doença. “Ainda não foi publicado o artigo sobre isso, mas esses novos critérios têm sido muito discutidos, incluindo-se o uso de biomarcadores e os exames de imagem, para conseguimos um diagnóstico mais precoce”, ressalta.
Covid e perda de memória
Com a proliferação mundial do vírus da Covid-19, segundo o neurologista, o check-up da memória mudou bastante, porque muitas pessoas estão falando que estão mais esquecidas.
“Só que essa é uma memória diferente da que é acometida pelo Alzheimer, por exemplo. A memória que a Covid altera é uma memória de curto prazo, chamada de memória de trabalho”, explica o dr. Iron Dangoni Filho. Nesses casos, ele cita, como exemplo, os pacientes que ficam parecendo que têm TDAH, ou seja, ficam mais desatentos, e a atenção é muito importante para a memória funcionar bem.
“Sabe quando a gente vai à cozinha e abre a geladeira mas não sabe por quê? Parece que a Covid faz isso com a nossa vida. Deixa os nossos pacientes desatentos e, consequentemente, mais esquecidos”, diz o médico.
No check-up de memória pós-Covid, o enfoque maior está em aspectos atencionais, na memória de curto prazo, a chamada memória de trabalho, e em funções executivas, que são as mais acometidas pela Covid.
Sobre a Kora Saúde
Um dos maiores grupos hospitalares do país, a Kora Saúde possui 17 hospitais espalhados pelo Brasil e está presente no Espírito Santo (Rede Meridional nas regiões de Cariacica, Vitória, Serra, Praia da Costa, em Vila Velha, e São Mateus); Ceará (Rede OTO, todos em Fortaleza); Tocantins (Medical Palmas e Santa Thereza na cidade de Palmas); Mato Grosso (Hospital São Mateus em Cuiabá); Goiás (Instituto de Neurologia de Goiânia e Hospital Encore); e Distrito Federal (Hospital Anchieta e Hospital São Francisco). O grupo possui mais de 2 mil leitos no país e 11 mil colaboradores. A Kora Saúde oferece um sistema de gestão inovador, parque tecnológico de ponta e alta qualidade hospitalar, com o compromisso de praticar medicina de excelência em todas as localidades onde está presente.