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Lúpus: alerta para o diagnóstico e tratamento precoce
Doença autoimune, que afeta a cantora Lady Gaga, ainda não
tem cura. Estudos recentes trazem esperança para o tratamento do paciente que
precisa de acompanhamento multidisciplinar para melhor qualidade de vida
O
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), mais conhecido como lúpus, é uma doença
inflamatória crônica, de origem autoimune, que acomete pessoas de todas as
idades e, principalmente, mulheres em idade fértil. A Sociedade Brasileira de Reumatologia estima
que existam cerca de 65 mil pessoas com lúpus no país e que uma em cada 1,7 mil
mulheres tenha a doença.
No
mês em que se celebra o Dia Mundial do Lúpus (10/05), fica o alerta para a
importância do diagnóstico precoce dessa doença que não tem cura, mas o
tratamento adequado pode amenizar as crises, além de possíveis danos a longo
prazo. Recentemente, cientistas australianos identificaram uma mutação em um
gene específico que pode provocar o lúpus. A descoberta pode ser um avanço para
o tratamento.
De
acordo com a reumatologista Tainá Carneiro, do Hospital Brasília unidade Águas
Claras, os sintomas da doença são causados por um desequilíbrio no sistema
imune do paciente, que começa a atacar tecidos do próprio corpo. “Os primeiros
sinais costumam ser fadiga, dor nas juntas e aparecimento de manchas na pele em
locais de exposição ao sol. Sintomas mais graves incluem anemia, danos nos
rins, queda importante de plaquetas, quadros neurológicos e vasculites
(inflamação em vasos sanguíneos)”, alerta a médica.
O
tipo mais comum de lúpus é o cutâneo articular, que se manifesta por meio de
lesões vermelhas na pele, principalmente em regiões que ficam expostas à luz
solar - como rosto, orelha, braços e colo. Existe também o lúpus sistêmico,
considerado mais grave, que acomete um ou mais órgãos internos, a exemplo dos
rins, cérebro e pulmões.
Segundo
a diretora médica de diagnósticos da Dasa Centro-Oeste (Exame Medicina
Diagnóstica, Atalaia Medicina Diagnóstica, Cedic Cedilab Imagem e Laboratório e
Laboratório Bioclínico), Tatiana Veloso, o diagnóstico do Lúpus é feito a
partir da consulta com um médico, exame físico e também por exames
laboratoriais. “A análise clínica indicada é o Fator Anti-Núcleo (FAN). Porém,
existem pessoas que apresentam FAN positivo mesmo sem a doença, então a
interpretação do resultado deve ser feita por um especialista para evitar
diagnósticos inadequados”, esclarece Tatiana.
Segundo
a médica, devem ainda ser analisados outros anticorpos associados à doença,
como: anti-Sm e anti-ds-DNA. “Após o diagnóstico, o paciente tem que realizar
uma série de outros exames de forma rotineira para avaliar a atividade do
lúpus”, enfatiza.
Tratamento
Para
a reumatologista Tainá Carneiro, o tratamento é muito centrado no paciente, em
quais sintomas ele tem. “Não existe uma receita de bolo para o lúpus. Podemos
usar corticoides e medicações modificadoras de doença para controle nas formas
mais leves a moderadas. Se é uma atividade mais considerável, como lesões
renais, no sistema nervoso central ou no pulmão, aí temos que usar medicações
mais potentes”, explica.
Segundo
Tainá, o Lúpus costuma atingir mulheres jovens, em idade reprodutiva, e a
doença pode causar diversos transtornos nessa fase da vida. O acompanhamento
deve ser multidisciplinar, com outros médicos, educadores físicos e
nutricionistas. A alimentação balanceada, atividade física e hábitos de vida
saudáveis são essenciais para reduzir a inflamação e melhor resposta ao
tratamento medicamentoso. Além disso, é comum que as pacientes apresentem
transtornos de humor e ansiedade, e o acompanhamento com um psicólogo é
necessário para enfrentamento da doença e adesão ao tratamento.
“Eu
gosto de falar para a paciente que o lúpus é um diagnóstico, não uma sentença.
Se entendermos que é preciso enfrentar uma doença crônica com uma postura
proativa, é possível ter uma ótima qualidade de vida”, conta Tainá Carneiro.
“São pacientes, em sua grande maioria mulheres, que vão ter dor, vão ter
fadiga, com lesões aparentes na pele, e tudo isso pode influenciar no trabalho
e nas relações sociais da paciente. Por isso o apoio tanto dos profissionais de
saúde quanto dos familiares e demais pessoas próximas é tão importante”,
finaliza.
Esperança
Recentemente,
uma equipe de cientistas do Centro de Imunologia Personalizada na Austrália, a
partir do sequenciamento genômico do DNA de uma menina de sete anos, com lúpus
grave, conseguiu identificar uma mutação em um gene chamado TLR7.
Essa
mutação permite que a proteína TLR7 se ligue facilmente a um componente de
ácido nucleico chamado guanosina. O fato faz com que a sensibilidade das
células imunológicas fique mais ativa, o que torna mais provável a
identificação de possíveis ameaças e ataques ao tecido saudável.
A
partir dessa descoberta, os pesquisadores trabalham com farmacêuticas para
identificação de possíveis tratamentos mais direcionados ao gene que sejam
eficazes no combate da doença. |