Foto Anna Tarazevich
Dor nos seios pode ser câncer de mama?
Quadro não
indica necessariamente alteração grave de saúde, mas requer atenção de um
especialista
Por ser uma
região muito sensível, os seios podem sofrer de mastalgia – popularmente
conhecida como dor na mama – atinge cerca de 70% das mulheres e é relativamente
comum, o que significa que nem sempre é sintoma de algo sério. A sensibilidade
no bico do peito pode ser causada, por exemplo, pelo atrito com a roupa ou por
alterações hormonais, muitas vezes relacionadas com o ciclo menstrual e a
menopausa. “Porém, quando a mastalgia persiste, o ideal é relatar os sintomas
ao seu médico de confiança para que ele investigue as causas da dor”, alerta a mastologista
do Hospital Brasília Flávia Vidal. A médica responde às principais dúvidas
sobre o assunto. Veja a seguir.
1. Seios
inchados e doloridos por mais de uma semana e que inclusive atrapalham o sono.
O que pode ser?
A especialista
explica que a dor mamária pode interferir na vida emocional, social e
profissional da mulher e é causa frequente de consulta com o mastologista. Como
qualquer sintoma mamário, a mastalgia traz angústia e ansiedade, pois
constantemente é confundida com câncer de mama pela paciente.
Normalmente,
segundo a médica, a condição está relacionada com alterações hormonais do ciclo
menstrual, doenças da tireoide e até mesmo diabetes descompensada. “O uso de
algumas medicações ou o aumento das dosagens também pode interferir na
sensibilidade da mama, como inibidores de recaptação da serotonina, metildopa,
ciclosporina ou prostaglandinas”, explica a Dra. Flávia.
Ela aponta
ainda que traumas mamários ou torácicos também devem ser investigados, pois são
causas de dores locais. Vale ainda lembrar das infecções mamárias de início
súbito, chamadas de mastites, que também estão relacionadas com dor local,
vermelhidão e aumento da temperatura. Portanto, o ideal é procurar a avaliação
de um ginecologista ou mastologista para investigar a causa das
dores.
2. Como é a
dor de TPM nos seios?
Mama
dolorida é um dos desconfortos causados pela tensão pré-menstrual (TPM) e,
apesar de nem toda mulher senti-la, é comum e ocorre de dez a cinco dias antes
do início da menstruação. As principais queixas são: seios pesados, inchados e
sensíveis. O ideal é usar um sutiã com suporte adequado, sem aros ou bojos, de
preferência sem costura, para que ele se adapte anatomicamente melhor ao
formato do seio, evitando, assim, piora do incômodo e da dor nesse
período.
3. Quais são
as possíveis causas de mastalgia (dor nos seios)?
A mastalgia
é classificada em três tipos: cíclica, acíclica ou não mamária.
- Cíclica –
é o tipo mais comum, atinge mulheres entre 30 e 40 anos e está relacionada com
a fase menstrual. Os casos brandos apresentam remissão dos sintomas depois da
menstruação, entretanto, nos casos severos, a dor pode persistir por todo o
ciclo menstrual.
- Acíclica –
são as dores que acontecem sem interferência do ciclo menstrual. Podem estar
relacionadas com menopausa, alterações da tireoide ou outro componente de
desregulação hormonal, além de infecções agudas.
- Não
mamária – ainda que as mamas estejam doendo, a origem do problema pode estar em
outra região, sendo necessário averiguar qual a verdadeira causa do
desconforto. Problemas de coluna, distensões musculares e até mesmo patologias
no pulmão ou coração podem ter dor referida na mama.
4. Mama
dolorida pode indicar possível gravidez?
Sim. Isso
porque, durante a gestação, a mulher vivencia um período de intensa produção de
hormônios, inclusive daqueles que “avisam” às células da mama que elas devem se
preparar para a amamentação. Formigamento e desconforto similar podem ocorrer,
pois os seios estão crescendo e se adaptando para a lactação.
5. Há mais
de um ano, depois de uma cirurgia de redução das mamas, a paciente relata
formigamento bem incômodo nos seios. O que fazer?
Pela
presença de grande quantidade de terminações nervosas, os seios possuem muita
sensibilidade. São esses nervos que enviam sinais ao cérebro para que ele
responda a estímulos de toque, calor ou dor. O formigamento ocorre quando há
alteração nessas terminações, geralmente causada por algum distúrbio nervoso ou
depois de cirurgia de mama, pois, durante o procedimento, pode ter havido
necessidade de rompimento de nervos. De qualquer forma, o ideal é consultar um
médico para que ele analise as possíveis causas desse incômodo e, se
necessário, solicite a realização de exames e encaminhe a paciente ao
mastologista.
6. O bico do
peito coçar durante um período é normal? O que pode ser?
Prurido na
região mamilar pode ser decorrente de dermatites de contato com os tecidos do
sutiã ou da blusa. Porém, há um subtipo de câncer de mama chamado doença de
Paget, que se desenvolve na região do mamilo, com características de lesões
descamativas, similares aos processos alérgicos. Por isso, é importante
consultar o especialista para uma avaliação.
7. Dor
excessiva e inchaço nos seios: pode ser câncer de mama?
O câncer de
mama está pouco associado à mastalgia – de 0,8% a 2% dos casos apenas – e,
geralmente, aparece como dor acíclica focal, persistente e em determinado ponto
específico da mama ligado à palpação de nódulo endurecido e fixo. Logo, para
ter-se dor associada ao câncer, a lesão normalmente está com dimensões
aumentadas, sendo facilmente sentida durante um exame físico bem-feito.
Porém, a
presença de cistos simples benignos – que nada mais são do que “bolinhas de
água” –, que podem apresentar crescimento durante determinada fase do ciclo
menstrual, podem causar dor e sensação de inchaço nas mamas. É importante,
portanto, a avaliação de um especialista para a melhor condução do quadro,
pois, em alguns casos, há indicação de punção (aspiração) do líquido interno
para controlar o desconforto.
8. Durante a
amamentação, foi diagnosticado um quadro de mastite. Antibiótico foi
receitado, mas não surtiu efeito. Já são sete dias de medicação, mas ainda há
presença de febre. É possível sentir um nódulo duro na mama. O que pode ser?
A mastite
puerperal (depois do parto) ou da lactação é um processo infeccioso agudo das
glândulas mamárias que acomete mulheres em fase de lactação, com achados
clínicos que podem iniciar com uma inflamação focal, como dor e vermelhidão
local, associada a febre, mal-estar geral e calafrios. Normalmente é causada
pela bactéria Staphylococcus aureus, sendo, portanto, o tratamento feito com
antibióticos e analgésicos, 10-14 dias. Entretanto, alguns casos podem evoluir para
a formação de abscessos, com obstrução dos ductos mamários e proliferação
bacteriana, que levam ao acúmulo de pus, sendo necessária a drenagem cirúrgica
em alguns casos. Portanto, em quadros sem melhora ou com palpação de
modularidades, é importante consultar o obstetra ou mastologista para melhor
avaliação e condução do caso.
9-
Autoexame: como identificar sinais de câncer de mama?
O autoexame
deve ser um momento em que a paciente cuida de si mesma, trazendo
autoconhecimento sobre o que é normal ou está alterado em seu corpo,
principalmente nas mamas. Idealmente, o autoexame deve ser feito uma semana
depois do período menstrual, pois, nesse período, a mama já não está mais
sujeita às alterações hormonais.
Orientamos
que a paciente fique em frente ao espelho e observe o formato das mamas com os
braços caídos, com os braços levantados e, por fim, com as mãos – bem firmes –
na cintura; avalie o tamanho, a forma e a cor das mamas; verifique se há
inchaços, saliências ou aparência rugosa.
Para a
palpação, aconselhamos que ela seja feita durante o banho (com o corpo molhado
e as mãos ensaboadas) e/ou deitada: com uma das mãos atrás da cabeça, o seio oposto
deve ser cuidadosamente palpado.
Primeiro, com movimentos circulares ao redor, depois, de dentro para fora (em
direção ao mamilo) e de cima para baixo.
Vale lembrar
que homens também podem desenvolver câncer de mama e, para eles, a palpação é
uma forma de identificarem possíveis alterações.
10. Quais os
exames que detectam o câncer de mama?
Para
rastreamento, indicamos a mamografia como o principal exame para
identificar o câncer, pois consegue diagnosticar lesões iniciais, como as que
estão associadas à presença de microcalcificações suspeitas e de pequenos
nódulos não palpáveis ao exame físico. Caso seja encontrada alguma lesão
suspeita é possível ser indicada a complementação da investigação por meio de
exames de imagem, como a ultrassonografia e a ressonância magnética com
contraste. Diante de uma alteração com características de malignidade, o ideal
é prosseguir com a biópsia para diagnóstico. Utilizamos, portanto, a core
biopsy ou mamotomia, procedimentos que fazem a coleta de fragmentos da
lesão para que, posteriormente, sejam avaliados em laboratório pelo
patologista. Nesses fragmentos, o especialista verifica, por meio de exames
anatomopatológicos e imuno-histoquímicos, se a lesão é compatível com
determinado subtipo de câncer.
O Centro de
Oncologia do Hospital Brasília oferece cuidado integral às pessoas que lutam
contra o câncer, incluindo aquelas que necessitam de medicações por via oral,
intravenosa, subcutânea ou intramuscular. A equipe multidisciplinar, além de
ser extremamente capacitada e estar em constante atualização sobre os avanços
na área, também atua de forma a priorizar as necessidades de cada paciente e de
sua rede de apoio. |