Foto Lina Kivaka
Alzheimer é tipo de demência
mais incidente entre idosos
Dia Mundial do Alzheimer (21/09) foi criado para
dar visibilidade à doença, cuja incidência tende a aumentar em virtude do
envelhecimento populacional
Em 2020, 13,5% da população do Brasil era composta
por idosos, segundo o IBGE. Uma parcela que tende a crescer tanto no país
quanto no mundo, em virtude do aumento da expectativa de vida. Os dados tornam
ainda mais latente a necessidade de atenção acerca das doenças incidentes entre
pessoas idosas, sendo uma delas o Alzheimer. O Dia Mundial do Alzheimer (21/09)
foi criado para dar visibilidade a este tipo mais frequente de demência.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria
e Gerontologia, cerca de metade das 2 milhões de pessoas com demência no Brasil
têm Alzheimer. No entanto, há uma subnotificação em virtude da imprecisão no
diagnóstico ou até mesmo da falta dele.
O
que é o Alzheimer?
O Alzheimer é um tipo de demência, isto é, um
grupo de sintomas caracterizado pela alteração de pelo menos duas funções do
cérebro. Pode afetar a memória, a capacidade de pensamento e outras habilidades
mentais. No caso específico do Alzheimer, os sintomas costumam se desenvolver
gradualmente ao longo de muitos anos e, eventualmente, tornam-se mais graves,
impactando o funcionamento cerebral, bem como a independência do paciente.
Alguns pesquisadores acreditam que as demências
sejam as “doenças do futuro”. Isso porque a população idosa está vivendo por
mais tempo, fato que aumenta muito as probabilidades de desenvolver alterações
nos neurônios. Ou seja, a velhice não causa, mas facilita o desenvolvimento da
condição no organismo.
Previsões elaboradas pela Universidade do Porto
(Portugal) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) determinam
que algum tipo de demência deve afetar pelo menos 1/4 da população brasileira
com mais de 80 anos daqui a três anos – há dois anos, o Alzheimer já atingia
1,2 milhões de brasileiros.
O
que causa o Alzheimer?
Embora ainda não tenha sido possível determinar
precisamente as causas exatas do Alzheimer, acredita-se que alguns fatores
podem influenciar nos riscos de desenvolver a doença, como o avançar da idade,
histórico familiar dessa condição, depressão não tratada, inflamações no
cérebro, fatores e condições de estilo de vida associados a doenças
cardiovasculares.
Como
reconhecer o Alzheimer?
As manifestações iniciais podem passar
desapercebidas pelo paciente e familiares, pois os primeiros sinais são
pequenos problemas de memória, fato que costuma ser relativamente comum em pessoas
de qualquer idade.
“É comum esquecermos coisas do dia a dia, como por
exemplo o nome de uma pessoa ou onde guardamos o celular – muitas vezes esses
esquecimentos são por falta de atenção. Já o esquecimento que interfere na
funcionalidade da pessoa (esquecer de pagar contas, esquecer caminhos
conhecidos, esquecer compromissos importantes) podem ser indicativos da doença
de Alzheimer. Esquecer de alguma coisa e lembrar depois pode indicar um
esquecimento ‘normal’. Esquecer de alguma coisa e esquecer que esqueceu,
geralmente indica anormalidade”, explica o neurologista do Hospital Brasília Arthur
Jatobá e Sousa.
Existe
prevenção?
Como a causa exata do Alzheimer ainda não é clara
para os pesquisadores, não há maneira conhecida de prevenir a doença. Porém,
alguns hábitos podem auxiliar indiretamente. A prática regular de exercícios é
um exemplo, já que pode beneficiar as células cerebrais, aumentando o fluxo
sanguíneo e de oxigênio para o cérebro, além de favorecer o bom funcionamento
do coração – estudos de autópsia já demostraram que até 80%
dos pacientes com Alzheimer apresentavam doenças cardiovasculares. Uma
alimentação saudável, rica em grãos inteiros, carnes magras e alimentos in natura, também pode auxiliar no
combate à doença.
O especialista do Hospital Brasília destaca que,
como a doença se inicia no cérebro de 20 a 30 anos antes do início dos
sintomas, esses tipos de cuidados têm um papel essencial. “Alguns fatores de
risco modificáveis incluem hipertensão arterial, diabetes, obesidade, tabagismo, etilismo, isolamento
social, depressão, baixa escolaridade e sedentarismo”, pontua.
Quanto ao temor relacionado à hereditariedade do
Alzheimer, o médico afirma que, de fato, em uma pequena quantidade de pacientes
há uma predisposição com a identificação de mutações genéticas específicas.
Esses pacientes geralmente iniciam a doença antes dos 65 anos de idade,
situação em que se considera um Alzheimer de início precoce. Porém, na maioria
dos pacientes acometidos, a doença se inicia após os 65 anos (Alzheimer de
início tardio) e não há ligação com uma mutação genética específica. Por este
motivo, é importante, também, seguir as consultas regulares com o neurologista.
Existe
tratamento?
Não há tratamento, mas existem medicamentos que
podem ajudar a melhorar os sinais de demência em algumas pessoas, agindo como
multiplicadores de neurotransmissores do cérebro.
Há também estudos que apontam benefícios aos
pacientes com Alzheimer que fazem uso do canabidiol (CBD), uma das substâncias
presentes na planta de maconha. Segundo algumas pesquisas, o CBD pode evitar a
criação de proteínas malformadas relacionadas ao Alzheimer. Também há
associação entre os canabinoides e a proteção às células nervosas. No entanto,
ainda não há consenso sobre o uso da substância.
Em junho de 2021, a Food and Drug Administration (FDA) autorizou nos Estados Unidos o
uso de um novo remédio contra o Alzheimer. Trata-se do Aducanumabe,
desenvolvido pela farmacêutica Biogen, destinado a fases iniciais da doença e a
pacientes com demência leve. Segundo a farmacêutica, a expectativa é de que o
novo tratamento atrase o declínio cognitivo em até 22%. Ainda não há previsão
do uso do remédio no Brasil. |