médico intensivista do Hospital Brasília Rodrigo BiondiO sistema respiratório pós-Covid
O pulmão é o órgão mais afetado pelo coronavírus, podendo ser necessário recorrer a terapias de reabilitação
A pandemia de Covid-19
trouxe diversos desafios para a comunidade. Afinal, vimos os índices de síndrome respiratória aguda crescerem
desenfreadamente.
Ainda que vários aspectos do
vírus continuem a nos desafiar, graças ao incansável trabalho dos profissionais
de saúde e cientistas da área, hoje já temos mais informações sobre o
comportamento do Sars-CoV-2 no sistema respiratório. O médico intensivista e
coordenador do Núcleo de Assistência Ventilatória (Nuav) do Hospital Brasília,
Rodrigo Biondi, explica quais são as medidas que ajudam a recuperar a saúde do
pulmão pós-Covid. Como o coronavírus age no sistema respiratório?
A principal função do sistema
respiratório é a produção do oxigênio que “alimenta” todas as estruturas do
corpo e a eliminação de gás carbônico. Quando há dificuldade no processo de
respiração e inspiração é preciso ficar atento à saúde, principalmente, do pulmão.
No caso da
infecção por Covid, este é o órgão mais
afetado, visto que o vírus entra no corpo a partir das vias
aéreas superiores (nariz e boca). O médico explica: “Uma vez dentro do
organismo, o Sars-CoV-2 penetra nas células pulmonares, produz inflamação local
e provoca pneumonia viral que pode gerar síndrome respiratória grave.”
Tratamento
O diagnóstico de coronavírus pode
gerar medo e muitos pacientes têm manifestado crises de ansiedade que às vezes
são até confundidas com a queda de oxigenação causada pela infecção. Porém,
para além do receio, existem medidas que
podem ser tomadas a fim de assegurar o bem-estar de quem
está em isolamento e das pessoas com quem ele mora: ·
manter a porta
fechada e as janelas abertas para que haja circulação de ar e entrada de luz
solar; ·
manter a
hidratação através do consumo de bastante líquido, principalmente água; ·
não
compartilhar copos, pratos e talheres em hipótese alguma; ·
usar máscara
sempre que utilizar espaços comuns; ·
monitorar a
oxigenação sanguínea (o valor ideal é acima de 93%); ·
buscar
atendimento médico caso a febre perdure ou haja falta de ar. Após o fim dos sintomas é preciso
realizar uma avaliação
para analisar possíveis sequelas e checar se há
necessidade de passar por reabilitação pulmonar, por exemplo. Caso precise de
um tratamento mais longo, não se desespere, pois as chances de cura são altas.
Segundo Biondi, esta medida é necessária para manter as funções de oxigenação
adequadas até que o organismo trate a inflamação por si só. Sobre as sequelas,
o especialista declara:
“A Covid-19 pode gerar complicações
pulmonares típicas de doenças crônicas como fibrose pulmonar (cicatrizes no
pulmão), bronquiectasia (dilatação e destruição de brônquios de grosso calibre),
dificuldade na troca gasosa (principalmente na absorção do oxigênio). A
reabilitação do sistema demanda fisioterapia especializada para o aparelho
respiratório e – devido à perda de massa muscular – também para o sistema
locomotor”, explica o médico.
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