Crescimento registrado pela Junta Comercial do DF foi maior em setores como os de alimentos preparados para consumo em casa e de vestuário
Em meio à pandemia do novo coronavírus, os anos de 2020 e 2021 abalaram os pequenos e médios negócios em Brasília. Muitos quebraram, outros lucraram e vários se reinventaram para sobreviver. Neste ano no DF, de acordo com dados da Junta Comercial, Industrial e Serviços (Jucis-DF), 23.713 empresas abriram as portas enquanto 8.245 decretaram falência.
Ao longo do ano passado, 62.064 empresas foram registradas no Distrito Federal, enquanto apenas 20.063 oficializaram o encerramento das atividades. Os setores que mais abriram foram o comércio varejista de vestuário e acessórios, a promoção de vendas e, principalmente, o fornecimento de alimentos para consumo em casa. O comércio de roupas e os restaurantes e similares, por sua vez, não resistiram e apresentaram baixas.
Fernanda Sales e Yasmin Franklin são os nomes à frente da LUMAS, marca que vem conquistando o público feminino Brasil afora, com criatividade e inovação. O trio decidiu tirar um sonho antigo do papel, durante a pandemia, de criar uma camiseteria com frases de empoderamento feminino.
“Desde 2014, tinha vontade de montar um negócio de camisetas com frases para despertarem e apoiarem mulheres. E, ano passado, mesmo em meio a crise da pandemia, dei o pontapé inicial. Aproveitamos que o mundo todo estava migrando para o digital, então, o investimento para abrir uma loja caiu bastante. Foi a hora certa”, explica Fernanda, uma das sócias.
Marcello Lopes, renomado chef que comanda o badalado Blend Boucherie, primeira boucherie inaugurada na cidade, também arriscou e vai inaugurar um novo restaurante: Italianíssimo. Os amantes da culinária italiana terão um novo ponto de encontro a partir da próxima sexta-feira, 21/05.
“Sempre tive muita familiaridade com a cozinha italiana e o Italianíssimo é a realização de um sonho, que começou quando ganhei o campeonato mundial de pizza em (data), em (país), como a melhor pizza do mundo. Dali em diante sempre cultivei o desejo de ter um restaurante de massas e pizzas. A oportunidade veio na pandemia com o espaço que vagou ao lado do Blend e não tive dúvidas, sabia que era a hora de investir”, diz o chef.
Empreendedorismo por necessidade
O especialista em gestão de negócios e Fundador da Kunk.Club e do 55Lab.co Fernando Finger Santiago explica que o crescimento do empreendedorismo é um fenômeno natural que foi intensificado na pandemia.
"Muitas pessoas perceberam que podem trabalhar de casa. E em um cenário aonde as empresas estão contratando menos pra reduzir custos é natural que aumente o número de pessoas empreendendo. Algumas também começaram a empreender por necessidade. Perderam os empregos e precisaram se virar", explica o especialista.
Cautela
O advogado especialista em reestruturação empresarial e presidente da Comissão Especial de Recuperação de Empresas e Falência da OAB/GO, FilipeDenki, explica que o aumento dos pedidos de abertura de novas empresas em relação ao fechamento, conforme números apontados pela Junta Comercial do DF, devem ser analisados com cautela, pois podem demonstrar um falso indicativo de melhora na economia.
"Na verdade o aumento dos pedidos de abertura de novas empresas se dá por dois motivos, a necessidade das pessoas se reinventarem e buscar novas fontes de renda em razão da grave crise econômica causada pelo coronavírus, já que muitas perderam seus empregos, e segundo, pois muitos empresários estão abandonando seus CNPJ’S endividados e abrindo novos", explica.