A CPI da Pandemia pode se transformar em palanque político eleitoreiro. Esse seria o motivo que está levando parte dos distritais a desistir das reuniões iniciais para debater o assunto
A disputa política eleitoral antecipada das eleições de 2022, pode levar a CPI da Pandemia da Câmara Legislativa, nascer desacreditada aos olhos da população ou morrer no nascedouro.
CPIs instaladas na CLDF, historicamente, nunca apuraram absolutamente nada ou levou algum corrupto para a cadeia. Isso é fato. Ao contrário: serviram apenas para embaraçar, atrapalhar ou “melar” as reais investigações feitas pelo Ministério Público. Apurações realizadas pelo legislativo vazam ao gosto de quem comanda uma comissão parlamentar de inquérito.
Pelo menos é isso que pensa a maioria dos distritais, mesmo alguns dos 13 que assinaram o requerimento de instalação. A declarada pressão de forças politicas, estranhas ao poder legislativo local, pode ser a principal causa da CPI da Pandemia não decolar como torce a oposição e alguns candidatos ao Buriti nas futuras eleições.
Apesar de faltarem ainda dois anos para as eleições de 2022 e com o DF passando por uma grave pandemia, que já matou milhares de pessoas aqui e no mundo, o jogo político eleitoreiro começa a ser desenhado dentro da Câmara Legislativa com o olhar voltado para o Palácio do Buriti.
Por trás da movimentação política em torno da instalação de uma CPI vai muito além das ditas “preocupações” dos políticos com os supostos danos causados por um suposto esquema de fraudes em contrato de compras de testes rápidos pela Secretaria de Saúde.
A CPI, caso seja de fato instalada, estará mais para atrapalhar as investigações do MP, no âmbito da operação “Falso Negativo”, do que ajudar qualquer coisa.
O vice-presidente da Câmara Legislativa, Rodrigo Delmasso, é critico ao afirmar, por exemplo, que a CPI assinada pelos 13 distritais pode atrapalhar as investigações que estão em curso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco)
“O MP já vêm fazendo essas investigações de forma técnica, responsável e muito bem aprofundada. Fazer qualquer outra coisa paralela ao que o Ministério Público já vem fazendo pode atrapalhar as investigações”, diz Delmasso.
O deputado se refere às investigações no âmbito da terceira fase da operação Falso Negativo do MP, deflagrada no último dia 25 passado, que apura um suposto esquema de fraudes na compra de testes rápidos pela Secretaria de Saúde do DF.
Mas isso são meros detalhes no meio da intensa movimentação política que sacudiu a Câmara Legislativa nas últimas duas semanas. Ninguém está nem aí para apurar alguma coisa. Fazer da CPI um palanque eleitoreiro é a prioridade da oposição.
Candidatos declarados ao Buriti, como os senadores Izalci Lucas (PSDB), Leila do Volei (PSB) e José Antônio Reguffe (PDT), marcharam sobre os distritais pedindo a instalação de um show que custa caro e sem resultado prático para a população.
Alguns distritais governistas como Jaqueline Silva (PTB), que é dona de centenas de cargos na Administração Regional de Santa Maria, se acanhou diante da pressão feita pelo ex-presidiário Roberto Jefferson, dono do partido.
Daniel Donizete(PL), que domina de porteira fechada a Administração Regional do Gama, também assinou a CPI. Quem assinou e quem está por trás do oba, oba não fala. A CPI é pirotecnia eleitoreira que servirá apenas para jogar luz em cima de uma disputa antecipada pelo poder.
Para grande parte dos distritais, por trás do objetivo da CPI, que seria o de apurar as denúncias de supostas fraudes em contratos da compra de testes rápidos, pela Secretaria de Saúde, estaria como pano de fundo o interesse politico eleitoreiro.
O deputado Reginaldo Veras (PDT) jurou de pés juntos e dedos cruzados nas costas, durante uma sessão remota da CLDF, ocorrida nesta quarta-feira (02), que não é verdade. A oposição que sapateia batendo contra quem fala assim é a mesma que no passado fez de tudo para que outra CPI da Saúde instalada em 2017, não acontecesse.
Os que mais gritam agora são os que silenciaram, se esconderam ou se recusaram em assinar o requerimento de criação da CPI para investigar o esquema nebuloso da compra de próteses e órteses que afanou milhões de reais dos cofres públicos. Na época, os que não assinaram alegavam questão de “foro íntimo” com o governo socialista.
Entre eles, Reginaldo Veras (PDT), Roosevelt Vilela (PSB) e o ex-deputado Chico Leite da Rede, partido do distrital Leandro Grass, autor do requerimento da CPI de agora.
O hoje deputado federal Professor Israel (PV) que faz pressão para os distritais instalarem a CPI, no passado se recusou assinar o requerimento abaixo.
Confira aqui.
A politicagem em torno de uma CPI em plena pandemia do novo coronavírus é tão evidente, que alguns parlamentares já se arrependem de ter assinado o documento para a sua criação.
Nas duas últimas tentativas de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito, faltou quorum. Mesmo assim, o presidente da Casa, Rafael Prudente, levará o requerimento com as 13 assinaturas a apreciação do plenário virtual na próxima terça-feira (08).
Tem deputados em dúvidas se a CPI é para investigar ou é apenas para ser um palanque político fara de época.
Outra desmotivação dos distritais é a quase nenhuma informação sobre as investigações que estão sendo feitas pelo Ministério Público do Distrito Federal no âmbito da 3ª fase da operação “Falso Negativo”.
A Câmara Legislativa não tem instrumentos para se aprofundar nas investigações, além do que tem feito o MPDFT e nem tem poderes para investigar recursos destinados pela União para o combate a pandemia.
É tempo e dinheiro público jogado fora para investigações meramente políticas.
A CPI da Pandemia, se vingar, será apenas para jogar luz em cima de uma penca de doidos pelo poder. Só isso!
Com informações do RADAR/DF.
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