“Diálogo e investimentos para melhorar educação pública”, diz secretário de Educação do DF, em entrevista


Há dois meses no comando de uma das mais importantes pastas do Governo do Distrito Federal, o secretário de Educação, Leandro Cruz, percorre com frequência as regionais de ensino para verificar quais as demandas da comunidade escolar

Foto: Renato Alves.

Isso permite a ampliação do diálogo – que, para ele, é fundamental para compreender e superar as necessidades que a educação pública precisa em busca de mais qualidade. Em entrevista ao portal, o gestor contabiliza mais de R$ 87 milhões em investimentos diretos para reforma de escolas de 33 regiões administrativas. “Com isto, 204 unidades já foram reformadas ou passam por melhorias”, detalha. Segundo Cruz, além da recuperação das instalações, o governo investe na construção de novas unidades e ainda em recursos para viabilizar as aulas remotas, como a compra de equipamentos de proteção individual relacionados à Covid. Quanto a temas mais imediatos, como o cronograma para a retomada das atividades presenciais nas salas de aula, ele garante: está mantido. No entanto, alerta: “Só retomaremos as aulas presenciais se tivermos todas as condições de segurança de saúde e controle da curva da pandemia”.

1-) Como está o andamento das obras para melhorar a infraestrutura das escolas?
São muitos os investimentos. Só no segundo semestre, já são R$ 59 milhões do PDAF, o programa de descentralização administrativa e financeira – incluindo recursos da Secretaria e emendas parlamentares. Além disso, para este ano, nosso contrato de manutenção das escolas chega a R$ 28 milhões. Com isso, 204 unidades já foram reformadas ou estão passando por melhorias. E isso é de grande importância para as escolas, que não precisam ficar em total dependência da Secretaria. É um dinheiro que pode ser usado para reformas de redes elétrica e hidráulica, pintura, coberturas, pisos, reparos e compra de equipamentos – além de material pedagógico, equipamentos de proteção individual relacionados à Covid-19, por exemplo.

2-) E as obras deste ano?
É um dos compromissos assumidos pelo governador Ibaneis Rocha com a Educação. A nossa pasta já entregou à comunidade 6 Cepis, os centros de educação da primeira infância, em Samambaia, Ceilândia e Lago Norte. Ainda no primeiro semestre, inauguramos a Escola Classe Juscelino Kubitschek, em Ceilândia, e já está concluída a obra do CEPI Parque dos Ipês, em São Sebastião. Estamos concluindo a Escola Técnica de Brazlândia. Em 45 dias, vamos entregar o Centro de Ensino Fundamental 01, da Vila Planalto. Para o primeiro semestre de 2021, temos previsão de conclusão das obras do Cepi no Pôr do Sol e da reconstrução da Escola Classe 52, de Taguatinga.

3-) Há mais licitações em andamento?
Estamos com sete em processo: para a construção das escolas técnicas de Santa Maria e do Paranoá; para três Cepis, no Recanto das Emas, Vila Telebrasília e Planaltina. Também estão em licitação as reconstruções da EC 59, de Ceilândia, e do Caic Carlos Castelo Branco, no Gama. Também esamos em fase de ajustes finais para licitarmos a construção de mais 13 Cepis e quatro escolas. Além disto, vamos reformar o Centro de Ensino Médio (CEM) 10 de Ceilândia e a reconstruir as escolas classe 410 e 415, de Samambaia.

4-) Como está o relacionamento da Secretaria com os gestores escolares?
Estou finalizando uma rodada importante de reuniões virtuais com os gestores de todas as regionais de ensino. Assumi a Secretaria há pouco e fiz questão de conhecer todos – e de ouvir suas demandas. Pude apresentar nossos planos e dar esclarecimentos. É uma experiência extraordinária, porque quem sabe o que realmente acontece na escola é quem está dentro dela, no dia a dia. E é preciso dar atenção a cada um. A realidade de uma regional não é a mesma da outra. Até escolas próximas geograficamente podem ter perfis diferentes.

Foto: Mary Leal.

5-) Mesmo durante esse período, está sendo possível ir às escolas, ver suas realidades de perto?
Sim. Começamos este trabalho e pretendemos percorrer todas as regionais. Vamos conversar com os coordenadores, gestores e professores. Já visitamos escolas de Brazlândia e de Santa Maria, nas áreas rural e urbana. É outra experiência incrível. Vimos de perto exemplos de engajamento, o esforço que escolas e professores fazem para que as coisas deem certo. Foi também uma oportunidade de ver a boa aplicação dos recursos públicos do PDAF.

6-) E quanto ao reforço de pessoal?
A Secretaria permanece empenhada na melhoria da qualidade do ensino no Distrito Federal, conforme orientado pelo governador Ibaneis Rocha. Neste mês, demos posse a 800 professores. Eles serão fundamentais para garantir o fortalecimento do ensino público, gratuito, democrático e de qualidade para todos. Gostaria de registrar também o meu agradecimento a cada professor e a cada professora, gestores e gestoras, demais servidores e servidoras, que estão lá na ponta, em contato direto com nossos estudantes, engajados e empenhados em levar a eles o melhor conteúdo, da melhor maneira possível, neste momento.

7-) Como está o projeto do Novo Ensino Médio no contexto de suspensão das aulas?
É uma das principais ações pedagógicas da Secretaria de Educação em 2020. É uma proposta inovadora, focada nos anseios dos estudantes que, até então, viam o Ensino Médio apenas como uma etapa para chegar ao ensino superior. No Distrito Federal, implementamos o projeto em 12 escolas piloto. A organização é semestral e a matrícula por componente curricular.

8-) A Secretaria, além do ensino regular, também promove um trabalho reconhecido na área de idiomas…
Sim, em nossos centros interescolares de línguas. Hoje, são 50 mil estudantes, em 17 CILs, contemplando todas as regionais de ensino. É um sistema de muito êxito, onde os estudantes têm a opção de inglês, espanhol, francês, japonês e alemão, no contra-turno, e que também beneficia a comunidade, que fica com as vagas remanescentes. No dia 6, entregamos as novas instalações do CIL de Planaltina, que vai aumentar a capacidade de atendimento dos atuais 700 estudantes para 3.500 vagas.

9-) Como está sendo o desafio de manter o ano letivo neste momento de pandemia?
Nosso compromisso, em primeiro lugar, é preservar vidas. Venho acompanhando a curva da pandemia e tenho um painel sobre isto no meu gabinete, que está sempre atualizado. Este acompanhamento vai prosseguir, conforme os estudantes forem retornando às atividades, para verificar o comportamento da pandemia no Distrito Federal diante do aumento da circulação de pessoas. É um momento desafiador, complexo, causado por uma pandemia inesperada, que exige uma série de adaptações. O órgão está fazendo tudo para que sejam minimizados os impactos disso no ano letivo. A Secretaria está empenhada em garantir que o conteúdo pedagógico chegue a todos os estudantes da rede pública. Estamos atentos também ao possível prejuízo no aprendizado de nossos estudantes por causa da pandemia. Vamos acompanhar o desempenho deles e providenciar o reforço escolar, caso seja necessário.

10-) Qual a sua avaliação do ensino remoto?
Positiva. Desde 13 de julho, as atividades pela plataforma Google Sala de Aula passaram a contar presença. Temos 470 mil estudantes e 72 mil profissionais da educação cadastrados na plataforma. De lá até dia 12 de agosto já tivemos 3.913.290 acessos de estudantes e 708.116 de professores. Diante das circunstâncias, por ser algo totalmente novo no País inteiro, que precisou ser planejado e implementado rapidamente, é um resultado muito bom. Em breve, estudantes e professores que tiverem um dispositivo com chip ativo terão o gasto com internet para acesso à plataforma pago pela Secretaria de Educação. Já publicamos o edital de chamamento público para que as operadoras de internet móvel se cadastrem. Assim que o cadastramento ocorrer, o serviço poderá ser disponibilizado.

11-) O cronograma de retomada das aulas presenciais está mantido?
Até agora, sim. Mas só retomaremos as aulas presenciais se tivermos todas as condições de segurança de saúde e controle da curva da pandemia. Nenhuma decisão será tomada de forma que coloque em risco a saúde de estudantes, de professores, dos demais servidores que atuam nas escolas e das pessoas que precisam ir às unidades de ensino, como os pais e responsáveis. A retomada, que será gradual, está programada para iniciar dia 31 de agosto, com a Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional. A cada semana voltará um grupo de estudantes. A Educação Infantil, por exemplo, voltará apenas em 28 de setembro. Tudo foi planejado com base em critérios científicos. Haverá protocolos rigorosos, como distanciamento mínimo, fornecimento de álcool em gel, uso de máscaras de proteção facial e aferição de temperatura, entre outros. Já foi feita a desinfecção e a higienização em quase 100% das escolas, em parceria com o programa Sanear DF, que vai seguir até o fim do ano letivo. Todos os gestores, professores e servidores que atuam nas escolas passarão pela testagem da covid-19 antes do retorno presencial.

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