Policiamento Vizinhança estabelece comunicação entre blocos ao desenvolver trabalho preventivo à criminalidade no Plano Piloto
Com mais de 30 anos de experiência, o porteiro Genilson Bertoldo da Conceição elogia a interação proporcionada pelo projeto: “Estamos todos os dias aqui, cada um no seu posto, e nem nos conhecíamos” | Fotos: Joel Rodrigues.
Há 35 anos na portaria do bloco J da 313 Sul, Genilson Bertoldo da Conceição, de 52 anos, passa a contar com um aliado na sua função: um radiocomunicador que o coloca em contato com os outros porteiros e síndicos da superquadra residencial.
Sob treinamento e coordenação do 1º Batalhão da Polícia Militar do DF, Genilson e seus colegas agora fazem parte do Policiamento Vizinhança. Em vigor na Asa Sul desde o início deste mês, o projeto é elaborado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), por meio da PM, em parceria com a comunidade.
O Policiamento Vizinhança é baseado em três pilares: aproximar a comunidade da Polícia Militar, integrar os moradores por meio de uma rede de comunicação e protegê-los. Com radiocomunicadores ligados 24 horas por dia, os porteiros e os síndicos dos 11 blocos podem falar entre si, comunicar movimentos estranhos e, no caso de identificá-los, avisar imediatamente a PM em um grupo de WhatsApp.
“Os porteiros funcionam como uma câmera viva da PM”, explica o comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, major Kotama. “Nós os treinamos para não reagirem nem se exporem ao perigo. Essa missão é nossa, por meio do repasse de informações fornecidas às nossas equipes de segurança”. Ele lembra que o policiamento já existe, mas agora ganha reforço com o projeto.
Técnicas de observação
Agentes de portaria se reúnem em torno de palestra proferida por policial especializada: técnicas compartilhadas tornam mais eficiente o trabalho de todos da comunidade
A primeira etapa do trabalho é feita por uma equipe de policiais que repassa aos agentes de portaria conhecimentos de observação, memorização e descrição – técnicas que ajudarão a PM na prevenção e na intervenção em algum crime. Há uma apostila com instruções, assim como um folder com informações básicas sobre o programa. Depois de instruídos, os porteiros recebem acompanhamento das equipes.
Programas semelhantes já existem na cidade, como o Rede de Vizinhos Protegidos do Lago Norte e um desenvolvido com proprietários de chácaras e fazendas das áreas rurais do DF. De acordo com o major Kotama, a comunidade da Asa Sul tem particularidades que merecem ser exploradas. “São moradores antigos, com casos de porteiros que estão há muitos anos na função e conhecem bem as rotinas de quem circula por lá, seja morador, seja visitante e até prestadores de serviços”.
“Juntos podemos muito”
Presidente do Sindicato dos Condomínios Residenciais e Comerciais do DF (Sindicondomínio) e síndico do bloco A da 313 Sul há nove anos, Antônio Carlos Paiva é um dos entusiastas do projeto. Sua expectativa é que aumente a segurança dos moradores – que enfrentam problemas como roubo de carros e furtos de rodas de veículos. “É um sonho ter uma ligação mais próxima com a Polícia Militar”, diz. “Os órgãos públicos sozinhos não podem tudo, mas nós todos juntos podemos muito”.
“É um sonho ter uma ligação mais próxima com a Polícia Militar. Os órgãos públicos sozinhos não podem tudo, mas nós todos juntos podemos muito”Antônio Carlos Paiva, presidente do Sindicondomínio.
Com experiência de mais de 30 anos na portaria do bloco J, o porteiro Genilson está satisfeito com as novas técnicas que aprendeu – e com seus novos instrumentos de trabalho. Para ele, poder se comunicar com seus colegas de quadra já é um ganho. “Estamos todos os dias aqui, cada um no seu posto, e nem nos conhecíamos”, conta.
Morador antigo no bloco, o síndico Pedro Félix, de 73 anos, está há poucos meses na função, mas reside por lá há duas décadas. Aposentado, ele comemora a possibilidade de entrosamento entre os vizinhos e com a PM em prol da segurança. “É também uma maneira de ter amizade com todos, de ninguém ter medo de ninguém e ainda ter a confiança da polícia”, destaca.
Novas quadras
O projeto piloto implementado na Superquadra Sul 313 já está em fase de expansão: será também levado para as superquadras 402 e 109. A servidora pública Gabriela Frota, de 34 anos, é síndica em um bloco da 402, localizada na área central da cidade. Com grande movimentação de pedestres, os moradores enfrentam, muitas vezes, problemas com usuários e traficantes tráfico de drogas.
“Estamos seguindo todas as orientações repassadas pela PM e cheios de expectativas, só aguardando a chegada dos equipamentos de segurança que adquirimos”, informa. Assim como ela, demais síndicos interessados em incluir suas quadras no Policiamento Vizinhança podem entrar em contato com o 1º Batalhão da Polícia Militar pelo telefone (61) 3190.0100.
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Paulo Melo JORNALISTA
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