Brasília 60: Cidade comemora investimentos importantes na Saúde


Brasília chega aos 60 anos em um momento em que a Saúde é a protagonista. Apesar da pandemia de coronavírus enfrentada pelo mundo inteiro, o Distrito Federal se destaca pelas medidas que tem adotado desde o começo, o que faz da capital pioneira nas ações que têm ajudado a cidade a atravessar a crise de maneira mais branda


O secretário de Saúde, Francisco Araújo, considera que Brasília, aos 60 anos, vive um momento muito especial da sua existência. “Estamos enfrentando o coronavírus, talvez o maior desafio da saúde pública da história, mas, felizmente, temos uma rede que se encontra num patamar bem melhor do que aquilo que foi encontrado no inicio de 2019”. Ele acrescenta que “se o governador Ibaneis Rocha não tivesse feito importantes investimentos na saúde pública, nesses 16 meses de administração, estaríamos numa situação complicada para enfrentar os desafios desse momento”.


Francisco Araújo ressalta a importância dos investimentos matéria e de recursos humanos em toda rede para a melhoria das condições de atendimento da rede pública de saúde. “Ainda temos muito a fazer, principalmente na necessidade de ampliar e humanizar o atendimento para a população, mas, é inegável que houve uma avanço significativo com os investimentos já realizados”.

“Não perde para nenhum hospital de primeiro mundo!”. Em resumo, é isso que o médico especialista em cirurgia torácica, Manoel Ximenes, pensa sobre o Hospital de Base do Distrito Federal, o primeiro grande hospital construído em Brasília e inaugurado pelo criador desta cidade, o então presidente Juscelino Kubitschek e que também completa 60 anos no próximo mês de setembro.

O médico, hoje aposentado, começou a trabalhar ali quando ainda se chamava Hospital Distrital, na década de 1970. Formou-se em Fortaleza e foi trabalhar no Estados Unidos, onde conheceu as melhores unidades de saúde. “Vi uma foto da inauguração do Hospital de Base e senti um enorme desejo de trabalhar ali”, relembra.

Hoje ele está aposentado, mas ainda participa de reuniões científicas semanais. “Quando estou na unidade, faço questão de visitar o centro cirúrgico. Tenho enorme prazer de ter ajudado a formar médicos, durante a residência, que hoje atuam em hospitais por todo o mundo”, diz.

Pioneirismo
Antes da inauguração do gigante, quem veio para construir a nova capital contava com atendimentos médicos no chamado Hospital Presidente Juscelino Kubitschek, localizado no que hoje conhecemos como Museu da Memória Candanga.

“Brasília já nasceu oferecendo três princípios do Sistema Único de Saúde antes mesmo de se debater sobre isso. Já atendia gratuitamente, de forma universal, integral e com hierarquização assistencial na prestação de serviços”, destaca a chefe do Núcleo de Desenvolvimento e Controle de Projetos de Pesquisa da Escola Superior de Ciências em Saúde, Leila Göttems.

Vale lembrar que o SUS só foi criado em 1988, quando Brasília já contava com 13 hospitais, localizados no Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Ceilândia, Asa Norte, Planaltina e Guará, além dos hospitais Materno Infantil, Hospital de Apoio e Instituto de Saúde Mental. A capital também já tinha 40 centros de saúde, o que, na época, garantia 100% de cobertura de Atenção Primária, conforme relata Leila Göttems.

Hoje, a rede pública de saúde do DF ainda conta com o gigante Hospital de Base, referência em traumas, e tem somada a ele outros 15 hospitais, 172 unidades básicas de saúde, uma laboratório central referência para o Centro-Oeste, além de centros de atenção psicossocial, sete unidades de pronto-atendimento e fundações como o Hemocentro e a Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências de Saúde, que por meio das três escolas (ESCS, ETESB, EAPSUS) ajuda a formar centenas de profissionais para Brasília e para o mundo.

Trajetória
Para se chegar ao que tem hoje, porém, muito se testou. No início de tudo, o foco era a atenção hospitalar, focado no mode biomédico. Somente depois de 1979, quando o mundo começou a discutir sobre a importância da atenção básica ou atenção primária, é que Brasília colocou em prática a construção do que chamamos hoje de unidades básicas de saúde.

A atenção primária já esteve nas mãos do Instituto Candango de Solidariedade, da Fundação Zerbini e retornou para a Secretaria de Saúde, passou pelo processo de conversão e hoje atende em um novo modelo, com equipes formadas por médicos de família, enfermeiros e técnicos, odontólogos e agentes de saúde.

“Um grande ganho em tudo isso foi a ampliação do horário de atendimento nas UBS, também na reorganização do trabalho das equipes para atender a demanda espontânea e não somente por agendamento. Isso permite maior acesso oportuno da população”, ressalta Leila, lembrando que estudos apontam uma resolutividade de 85% dos problemas de saúde da população sem que ela precise procurar um hospital.

Os modelos de gestão também andaram por muitos caminhos. Já tivemos a Fundação Hospitalar, o Hospital de Santa Maria sendo administrado por Organização Social e hoje chegamos a uma administração com vários modelos de gestão.

Assim, a rede conta com o Hospital da Criança gerido por uma organização social, a Fundação Hemocentro que é uma fundação pública, e a mais recente criação: o Instituto de Gestão Estratégica em Saúde (IgesDF) como um Serviço Social Autônomo, que hoje administra o primeiro hospital construído em Brasília e o Hospital Regional de Santa Maria, além de todas as unidades de pronto-atendimento.


Futuro
Para Leila Göttems, do ponto de vista da assistência, “precisamos continuar reforçando e investindo na atenção primária e na formação de profissionais para desenvolver aperfeiçoamento da atenção à saúde da população. Precisamos, também, dos três níveis de assistência funcionando adequadamente, de forma integrada e com a regulação sendo o farol para todos eles”, finaliza.

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