Há 60 anos, era erguida no Planalto Central do Brasil a nova capital do país. Imaginada desde o século XVIII, Brasília surgiu como a demonstração da capacidade dos brasileiros que a construíram uma cidade em apenas três anos
Por Paulo Melo
Coube a Juscelino Kubitschek comandar o grande esforço de construção de Brasília, assumindo como sua missão a transferência da capital do litoral para o interior. Ao seu lado estiveram idealizadores e realizadores como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Burle Marx, Israel Pinheiro, Bernardo Sayão e Ernesto Silva. Envolvidos no mesmo esforço, estiveram milhares de trabalhadores – homens e mulheres de todo o país que se deslocaram para o centro do Brasil em busca de oportunidades e de sonhos. Pioneiros da nova cidade, muitos deles lançaram raízes em Brasília e fizeram dela um fervilhante cadinho de culturas, sotaques e cores.
Mesmo depois do árduo período da construção, o fluxo migratório continuou intenso nos 60 anos seguintes. Nordestinos, mineiros, goianos, sulistas, cariocas, paulistas e amazônidas continuaram se dirigindo ao Distrito Federal, fazendo surgir as várias cidades satélites e propiciando um crescimento populacional de 1.760% - quase dez vezes mais do que o crescimento global da população brasileira no mesmo período.
Brasília também é uma cidade de contrastes: a rica cidade que tem o mais alto Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil (0,824) e a mais alta renda per capita (R$ 79.099,77) é também a pobre cidade que tem um índice de pobreza de quase 30%. Até nisso, uma síntese do país.
Nessas seis décadas, Brasília transformou-se de fato no centro das decisões nacionais, no polo que atrai as atenções, as pressões, os anseios e a vigilância da sociedade. Frequentemente, cidadãos de toda parte tomam os gramados da Esplanada dos Ministérios e os espelhos d’água do Congresso fazendo cobranças e protestos – concretizando o espírito democrático que inspirou a criação da nova capital.
Brasília foi o cenário de muitos momentos históricos. Viu as renúncias de dois presidentes; viu um golpe militar; centralizou as esperanças da redemocratização, quando a emenda das eleições diretas foi votada e derrotada, quando Tancredo foi eleito e, pela fatalidade de uma doença, não pôde tomar posse; viu, ainda assim, um civil assumindo a Presidência e encerrando o longo regime militar; viu as intensas discussões em torno de uma nova Constituição e a promulgação de uma Carta Magna que representava as esperanças de um país mais democrático e desenvolvido; viu dois presidentes do Brasil sofrendo o impeachment; viu também, a partir de 1990, a sucessão tranquila de presidentes que ocorre somente nas democracias maduras.
Brasília é tudo isso: centro político, caldeirão de diversidade, síntese do país, cidade monumento. Apesar das dificuldades e das eventuais decepções, Brasília prossegue encantando o mundo, cumprindo os destinos que seus idealizadores e pioneiros vislumbraram.
*Paulo Melo é Jornalista, Diretor Executivo das Organizações Cidades & Condomínios e Presidente da Federação Nacional dos Comunicadores no Distrito Federal - FENACOM-DF.
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Morei 2 anos e 7 meses em Brasília (na Asa Sul). Amei esta Cidade (quando eu morava em BSB, cheguei a fazer uma postagem, em meu blog, sobre esta Cidade: https://www.mileideweber.com/2019/08/como-e-morar-no-plano-piloto-em-brasilia-df.html ). Estou residindo no litoral de Santa Catarina (a maioria dos brasilienses adoram o litoral), mas meu sonho é voltar a morar em Brasília, Cidade que me conquistou.
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