Movimento Empresa Júnior: empreendedorismo começa cedo

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Maior movimento jovem de empreendedorismo no mundo, o MEJ tem conquistados milhares de universitários em busca de inserção na vida profissional


No ano de 1967, alunos do curso superior de Ciências Econômicas e Comerciais da L’École Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales (ESSEC), na França, fundaram a primeira Empresa Júnior (EJ) do mundo como uma tentativa de buscar uma aproximação com o mundo profissional e preencher a falta de contato que, naquele momento, os alunos tinham com o mercado real.

Com objetivo de produzir soluções aos desafios que clientes legítimos lhes entregavam, e embasados com o que vivenciavam no ambiente acadêmico do curso de economia, os alunos da ESSEC deram origem a ESSEC Council, empresa precursora do movimento.

Caracterizada por ser uma organização sem fins lucrativos e que tinha o intuito de desenvolver as aptidões técnicas dos alunos no mercado de trabalho, a Essec Council foi fundamental para a popularização e o alastramento deste método de inserção profissional, que ficou conhecido como Movimento de Empresa Júnior (MEJ) por todo continente europeu, e posteriormente para o mundo todo.

Vinte e um anos após a criação da ESSEC Council, o movimento finalmente chegou ao Brasil, influenciado pelo crescimento e sucesso que as primeiras EJ’s europeias tiveram no continente, com o surgimento da primeira Empresa Júnior brasileira, em 1988, no curso de Administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Logo após, com o destaque que a Empresa Júnior de Administração da FGV teve, surgiram outras EJ’s pelo Brasil, como a Poli Jr., Empresa Júnior do curso de Engenharia da Universidade de SP (USP), e a UFBA Jr., Empresa Júnior de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 1992, o Movimento por fim chegou ao Distrito Federal, com a criação da AD&M, Empresa Júnior do curso de Administração da Universidade de Brasília (UnB), e atualmente, uma das empresas de maior destaque no movimento brasileiro, com diversas premiações, e um faturamento anual de quase meio milhão de reais.

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Com a vinda das empresas júniores ao país, foram criadas também as confederações, como a Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Junior), e juntamente com esse acontecimento, foram criadas confederações em diversos continentes, assim, dando força para a consolidação do Movimento Empresa Júnior no mundo inteiro.

Como funciona

A Empresa Júnior tem como principal objetivo promover o aprendizado prático do estudante em seu campo de atuação e aproximar os acadêmicos do mercado de trabalho real, em que os próprios são os gestores deste trabalho, e principalmente, das relações interpessoais.

As EJ’s são associações civis sem fins lucrativos, formadas e conduzidas apenas por alunos de um curso superior. No Brasil, as empresas juniores em atividade são regidas pela Lei 13.267/2016, que regulamenta a criação e o funcionamento das organizações que são geridas pelos estudantes, com a supervisão obrigatória de um tutor, com funcionamento perante instituições de ensino superior.

As empresas júniores atualmente são organizadas nacionalmente pela Brasil Junior, confederação composta por 18 federações e que representam 17 estados brasileiros e o Distrito Federal. Tem como finalidade recomendar e repassar diretrizes nacionais a serem seguidas por todas as federações estaduais credenciadas à Brasil Junior, tornando a confederação uma organização regulamentadora da atividade nacionalmente.

Segundo dados da Brasil Junior, atualmente, o Brasil é o país com o maior número de empresas juniores em todo o mundo, com 1.200 entidades credenciadas ao MEJ. Danilo Costa, 21 anos, estudante de direito, membro e coordenador da Empresa Júnior Lex Vitta, do Centro Universitário Iesb, afirma que o movimento é de grande valor para a formação da vida profissional e pessoal de quem faz parte do MEJ. “Sem dúvida, o movimento faz com que a gente se sinta parte de algo importante, que vai fazer toda diferença no futuro, na nossa vida profissional inserida no mercado de trabalho, e principalmente na questão da relação com as pessoas, na gestão de pessoas”, afirma Danilo.

No Distrito Federal

No ano de 1999 surgiu a Federação das Empresas Juniores do Distrito Federal, (Concentro), com a finalidade de associar e representar o movimento no DF, dando suporte para as empresas juniores da região, acompanhando o crescimento e impulsionando os resultados anuais das EJ’s associadas.

A Concentro, também cuida da abertura, federação e desenvolvimento de novas empresas, para que a experiência do movimento alcance mais universitários, e que as empresas juniores possam se capacitar cada vez mais. De acordo com dados de 2017, com o apoio da Concentro, as empresas registradas na federação, juntas, concretizaram 1,2 mil projetos comerciais realizados com um lucro total de 2,4 milhões de reais, que foram reinvestidos em capacitação e educação para os membros registrados na Concentro. Atualmente, 53 empresas júniores estão credenciadas.

Dentre as empresas credenciadas à Concentro, está a Grupo Gestão, fundada em 2009, no curso de Engenharia de Produção da UnB, que este ano foi laureada com o prêmio “Alto Impacto” da Brasil Junior, como a melhor Empresa Júnior do Brasil, em 2018. O prêmio é dado anualmente e busca reconhecer a EJ com o melhor desempenho do país, utilizando critérios para avaliação como quantidade de membros na empresa, número de serviços prestados e faturamento anual.

Nicholas Hosken, 22 anos, faz parte da Grupo Gestão desde abril de 2017. Ele defende que a dedicação de um membro dentro da empresa, consequentemente, é fundamental para o sucesso profissional no momento em que o universitário adentrar no mercado profissional. “Quanto mais a pessoa se dedica para trazer um escopo, uma solução, um planejamento financeiro, consequentemente, essa é uma pessoa que vai sair bem preparada pro mercado de trabalho. Nosso objetivo é fazer com que o propósito das pessoas convirja com o propósito da Grupo Gestão”, conclui.

Nicholas e Guilherme, membros da Grupo Gestão, aproveitam oportunidades de empreendedorismo dentro da universidade.

Hosken relata ainda que foi a vontade de fazer parte de algo grandioso que o incentivou. “Enxergar você fazendo parte de algo maior, esse senso de pertencimento foi o que me atraiu, principalmente”, argumenta, Nicholas, que atualmente exerce o cargo de diretor de marketing.

A empresa que tem um dos processos seletivos mais concorridos recebe em torno de 100 inscrições para o processo, por semestre. Não existe um número certo de pessoas que serão aprovadas. O critério utilizado é se o inscrito está preparado para a rotina da empresa, no momento do processo. Entre 15 e 20 pessoas por semestre são selecionadas.

A Grupo Gestão, que hoje trabalha com um quadro de 50 alunos de graduação em Engenharia de Produção, faturou a segunda maior receita do Brasil entre EJ’s — R$ 700 mil — e prestou 276 serviços, em 2018, fatores que levaram destaque para a Grupo Gestão dentro do mundo das empresas jovens.
Empresa júnior de Engenharia de Produção da UnB, Grupo Gestão é referência nacional

Guilherme Becker, 20 anos, aluno do quinto semestre, membro da Grupo Gestão desde 2018 e atual gerente de marketing, argumenta que o lucro obtido com os serviços prestados é reinvestido na capacitação dos membros da equipe. “A gente tenta dar uma ênfase muito grande na experiência do membro. A nossa principal motivação para reinvestir esse dinheiro é trazer a melhor experiência possível para quem está aqui dentro hoje”, afirma Guilherme.

Iesb sendo representado

A Lex Vitta é a primeira Empresa Júnior de Direito do Iesb e a segunda de toda história da Instituição. Foi criada por meio do apoio de seus professores, principalmente de Igor Rodrigues, tutor da empresa, e com muito empenho dos alunos Rafael Kesley, 22 anos, diretor presidente, Lucas Ferreira, diretor organizacional, João Lucas Ribeiro, diretor institucional e Danilo Costa, coordenador geral, em conjunto com a Instituição e coordenação do curso, a fim de agregar ao Iesb ao movimento que atualmente está presente nas melhores Instituições de Ensino Superior do Brasil.

Alunos do 8° e 9° semestres iniciaram o projeto de criação da empresa em 2017, impulsionados pela intenção de criar a cultura de empresa jovem para o âmbito acadêmico do Centro Universitário, incentivados pela vontade de sentirem um pouco da realidade do mercado de trabalho, e pela busca por capacitação para a vida profissional. Diretor organizacional, Lucas Ferreira, 21 anos, argumenta que a experiência que tem na Lex Vitta permitiu que pudesse absorver aprendizados que vão além da parte técnica, alcançam as relações interpessoais. “O que eu vejo aqui não fica só na parte técnica. Aqui, a gente trabalha muito mais as relações interpessoais, o contato com as pessoas, com clientes”, afirma Lucas.

Em cerimônia ocorrida na Casa Thomas Jefferson, em 2019, a empresa subiu mais um degrau, e conquistou um desejo antigo: a Lex Vitta foi federada à Concentro e hoje faz parte das 53 empresas júniores registradas na federação. Os membros comemoram essa vitória para a empresa e destacam a importância de estar federada a uma organização que tanto presta suporte às empresas júniores, em especial as que estão dando os primeiros passos.

Fundadores da Lex Vitta esperam levar para o Centro Universitário a cultura do empreendedorismo jovem.



João Lucas, 22 anos, diretor institucional, argumenta que com o registro da Lex Vitta na Concentro a empresa vai seguir rumo ao que tanto desejam, que é o sucesso do projeto, e que a cultura do empreendedorismo jovem se estabeleça no curso de Direito do Iesb. “Nós queremos que isso aqui prospere, que a empresa prospere. Queremos sair daqui e voltar daqui uns 10 anos e dizer que fizemos parte disso, que ajudamos a construir a primeira Empresa Júnior de Direito do Iesb”, conclui João Lucas. A Lex Vitta presta serviços como abertura e regularização de Pessoa Jurídica, elaboração e revisão contratual e soluções jurídicas gerais.

Mercado de trabalho

A passagem pela universidade proporciona um amplo conhecimento teórico, e de forma limitada, o conhecimento prático. E justamente essa limitação de contato com a prática é o diferencial para aqueles que buscam um degrau mais alto no que diz respeito a vida profissional e inserção no mercado.

Matheus Ferraz, 26 anos, participou durante sua formação em Engenharia Elétrica de uma Empresa Júnior no estado de Minas Gerais, atuando como diretor de projetos, e garante que a experiência valeu cada momento investido. “Sem dúvida, a experiência que tive com a Empresa Júnior, na época de universidade, foi um divisor de águas para o andamento da minha carreira e de onde estou hoje”, garante Matheus.

A passagem por uma EJ prepara o estudante para o mercado de trabalho, garantindo que ele tenha o contato prévio com o modelo de trabalho de grandes empresas. Muitas delas desenvolvem programas de capacitação a nível pós-universidade, como os programas pós-júniores, e de trainee, para onde os membros que atuaram em EJ’s e mostraram que têm o perfil que as grandes empresas buscam, são pinçados para que possam crescer em um patamar pós empresa júnior.

“Depois que me formei, recebi proposta de uma empresa grande, no Brasil e no mundo, para participar do processo de trainee. Atualmente estou participando do programa ainda, há 2 anos, e também estou me preparando para estudar nos Estados Unidos, um MBA. E com certeza, minha experiência em uma EJ me ajudou muito no processo de seleção para essa universidade”, celebrou Matheus.

Indiretamente, outros setores, como os pequenos e microempreendedores, que representam cerca de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) e quase 60% dos empregos do país, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), se beneficiam do sucesso que o MEJ se tornou. Essa classe, de empreendedores, enfrenta grandes barreiras para solidificarem a atuação de suas empresas, desenvolverem novos sistemas e alcançarem novos patamares.

Lucas Fernandes, 28 anos, é dono de uma loja de e-commerce voltada para a comercialização de calçados por meio de redes sociais, e com o auxílio de uma Empresa Júnior conseguiu expandir os horizontes de sua empresa online. “Junto com eles, fizemos um mapeamento da estrutura do meu negócio, um diagnóstico. A partir daí, identificamos as deficiências que o negócio tinha e depois disso fomos agindo em cima dessas deficiências. Hoje, meu negócio é outro, consegui potencializar o que antes não conseguia enxergar”, assegura Lucas.

Um desses desafios, onde os pequenos e microempreendedores esbarram, estão até mesmo antes de uma marca existir, no processo criação e abertura da empresa. É aí que as EJ’s entram, auxiliando, por meio de serviços de consultoria, na abertura e regularização de micro e pequenos empreendimentos. Carlos Augusto Guimarães, 44 anos, é dono de uma pequena empresa e, desde a idealização de seu projeto, já firmou parceria com uma Empresa Júnior para a criação de um plano de negócios. “Depois que eu tive a primeira experiência com uma Empresa Júnior só fazia consultoria com empresas desse segmento. Pela excelente qualidade do serviço e pelo baixo custo”, afirma Carlos Augusto.

Por Jornalista Marco Antonio Rocha

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