Ela surgiu na periferia da Jamaica como uma forma de expressão urbana, representando religião, guerra e alegria
Muito confundido com o ritmo jamaicano chamado ragga murphy, o dance hall é um estilo de dança urbana que surgiu no fim da década de 1970 nas periferias jamaicanas e foi criada por pessoas negras. O dance hall é dançado com os joelhos dobrados e reúne os passos sociais, religiosos, femininos, masculinos e de guerra e o ritmo é bem parecido com o funk. Em Brasília, ele ajuda a disseminar a cultura jamaicana e ajuda as pessoas negras a conhecerem mais sobre a origem delas.
O dance hall é muitas vezes chamado de ragga porque um grupo de dançarinas francesas se especializaram no ritmo que também passou a ser chamado de ragga jam. Hoje existem vários grupos de ragga jam espalhados pelo mundo e foi com eles que o dançarino, professor de dance hall há seis anos e estudioso de danças urbanas, Hudson Olivier, se formou. Ele conta que diversos dançarinos se formaram por meio dessas dançarinas, inclusive ele, e que existe um termo correto para quem dá aula de dance hall. “Nas academias para dar aula de dance hall se usa o termo ragga dance hall”, conta Hudson.
Hudson diz que o que mais o atraí no dance hall, é que é uma dança de origem periférica, criada por negros e que representa muito as minorias. Apesar de não ser negro, ele se identifica porque também veio de uma cidade periférica. Ele morou muito tempo em Samambaia com os pais e agora mora sozinho em Taguatinga e explica que toda dança nascida na periferia tem uma essência muito forte e que quanto mais estuda o dance hall, mas acha parecido com funk. “São danças periféricas e que desenvolvem movimentos através de comunidades e são danças culturas e de predominância negra”, explica ele.
O dance hall surgiu por meio da interação humana e por isso não tem passos que nem as danças clássicas criadas em estúdios e palcos. Mas para estudar melhor a dança, Hudson conta que os passos foram divididos em categorias. Os primeiros passos do dance hall surgiram em festas, por isso são considerados passos sociais. Na Jamaica, existem competições para ver quem consegue fazer o passo mais difícil, por isso grupos se juntam para competir o melhor movimento.
Os jamaicanos fazem a divisão dos passos naturalmente, mas Hudson explica que existem os passos religiosos, que são passos para venerar deuses e elementos, os sociais, passos femininos onde só as mulheres fazem, masculinos que só homens fazem e os passos de guerra ou de território, que foram criados na época da guerra militar e civil e são passos mais agressivos que representam armas.
Essa dança é um importante meio para disseminar a cultura negra em Brasília, mas Hudson se preocupa com a quantidade de negros que frequentam as aulas, pois é importante eles conhecerem a própria cultura. Ele diz que se sente privilegiado de estudar o dance hall e conta que não dá aula, mas sim encaminha as pessoas negras que frequentam as aulas para que conheçam a própria história.
A estudante Thamara Abreu já frequentou aulas de dance hall em Ceilândia e conta que antes de fazer aulas assistia vídeos no YouTube. Para ela, dançar o dance hall é um ato de libertação, que faz ela praticar atividade física e que a deixa muito feliz, pois é uma dança alegre. Além disso, Thamara aprendeu sobre as tribos da Jamaica por meio do dance hall e acha que é uma forma de se conectar com os ancestrais. “É uma troca de energia com meus ancestrais, toda energia transmitida da terra de onde vim para mim”, explica Thamara.
Em Brasília, aulas de dance hall são ministradas nos seguintes lugares:
Águas Claras:
-Studio Under 7, contato: 3256-2221
W3 Norte
-Backstage Dance Center, contato: 3202-1255
L2 Norte
-Lá Na Dança, contato: 3032-3392
Taguatinga Norte
-Academia Dance.com, contato: 3352-0021
Colônia Agrícola
-Mandala Academia de Arte
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