Plantio rotativo de várias culturas preserva o meio ambiente

Sistema de produção integrada recupera áreas rurais e beneficia o agricultor

O sistema de produção integrado lavoura/pecuária e floresta agrega várias culturas em uma só área, utilizando o sistema rotacional. O sistema funciona alternando o cultivo de grãos como soja, milho, sorgo, girassol, arroz; espécies arbóreas, como o eucalipto ou espécies nativas, associados ao capim braquiária como forrageira do gado. Das raças, gir, nelores e zebuínas são as mais utilizadas. Essa combinação pecuária/floresta propicia a preservação dos recursos naturais, como o solo, e manutenção dos mananciais hídricos e faz parte do plano de Agricultura de Baixo Carbono.

Há várias propriedades rurais de todas as regiões no Brasil que receberam assistência da Embrapa e implantaram o sistema integrado lavoura pecuária floresta. Já são mais de 11 milhões de hectares com esse sistema. A aptidão natural é nas regiões Norte e Nordeste. No Distrito Federal o único projeto concluído é o chamado Vitrine Tecnológica da AgroBrasília.

A pesquisadora Isabel Cristina Ferreira, há três anos na Embrapa, desenvolve estudos sobre produtividade sem degradar o meio ambiente. O sistema de produção integrado lavoura/pecuária e floresta prevê recuperação de áreas degradadas, minimizando o uso de agrotóxicos e redução das emissões de gases de efeito estufa. São 7,14 árvores, capturando 1 tonelada equivalente de carbono por ciclo de 20 anos.

Pesquisadora Isabel Ferreira na fazenda Embrapa Cerrado

Os benefícios são expressivos, prevalecendo o equilíbrio ecológico, preservando o solo fértil, devido a rotação das culturas na mesma área. “O produtor é beneficiado de várias formas principalmente no equilíbrio do meio ambiente, que resulta em produtos agro pastoris e florestais”, diz Isabel.

As árvores plantadas nesse sistema, além de capturar o gás metano que o gado produz, também fixa o nitrogênio no subsolo para ser utilizado pela lavoura. Traz conforto térmico ao rebanho por conta do sombreamento que produz.

O sistema de produção integrado lavoura pecuária e floresta também colabora na utilização mais racional do uso da água. Em um pasto bem manejado (com braquiária), a água da chuva permanece no solo por mais tempo sendo utilizada por um período mais longo, reduzindo bastante a necessidade de irrigação.

O modelo de integração lavoura pecuária floresta já era utilizado desde a época em que o Brasil foi colonizado. A pesquisadora Isabel explica: “Nossos antepassados faziam uso de plantio de milho com feijão junto às árvores. Hoje, devido à necessidade de preservação do meio ambiente, observou-se que esse modelo é melhor do que a monocultura.”

Exemplo de aplicação do sistema rotativo em fazenda modelo

A divulgação desse modelo tem sido sistematizada através da Emater, onde a Embrapa treina os técnicos de extensão rural. Depois é convidado um produtor rural, formador de opinião de um município e são levados a um “dia de campo”, onde aprendem toda a técnica para repassarem em suas comunidades. A Embrapa criou o evento “dia de campo” em uma fazenda modelo para facilitar essa disseminação do conhecimento na prática.

Gado leiteiro no sistema integrado lavoura pecuária floresta

A Fazenda Santa Brígida, da proprietária Marize Porto Costa, no município de Ipameri (GO) com uma área de 960 hectares é uma fazenda modelo, por implantar em toda sua propriedade o sistema de produção integrado lavoura pecuária e floresta, desde 2006. Naquela época, usando modelo tradicional de monocultura, encontrava-se com os pastos totalmente degradados. Para recuperar a fazenda, era inviável o modelo tradicional. Com a orientação de pesquisadores da Embrapa que apresentaram esse sistema já pronto, foi possível recuperar o pasto, com custo mínimo e hoje a fazenda é modelo nesse sistema de lavoura pecuária floresta.

“No sistema integrado lavoura/pecuária/floresta, o efeito ambiental que percebi é que o eucalipto sequestra e fixa o carbono e faz uma equação muito interessante porque o gado emite gases de efeito estufa (metano). São gases identificados como de aquecimento global. E o eucalipto faz a captura e a fixação desses gases e equilibra a equação do carbono nesse sistema”, diz Marize.

A Embrapa promove nessa fazenda todo ano, o “dia de campo” onde recebe, entre os meses de abril e maio, vários estudantes e produtores rurais para verem na prática como funciona esse sistema em harmonia com o meio ambiente.

Por Francisca Martins.

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