Pesquisa realizada nos Estados Unidos mediu os níveis de hormônios de voluntários ao agirem de forma positiva e negativa
A linguagem corporal afeta a maneira como os outros nos veem, mas também pode mudar a maneira como nos vemos. Segundo pesquisa da psicóloga Amy Cuddy, professora da Harvard Business School, realizada em 2012, manter postura ereta e ombros para trás pode afetar os níveis de hormônios no cérebro. No estudo, a psicóloga mostra como “fazer poses de poder” – ficar numa postura confiante, mesmo quando não se sente confiante – pode até ter um impacto no sucesso profissional.
Para comprovar a tese, Amy Cuddy e seus colegas das universidades Columbia e Harvard, nos Estados Unidos, mediram os níveis dos hormônios testosterona e cortisol de 42 pessoas que foram orientadas a ficar em posições expansivas ou contraídas (braços e pernas cruzados, ombros arqueados para baixo). As pessoas que ficaram em postura expansiva (postura positiva), obtiveram queda nos níveis de cortisol (que gera estresse) e aumento nos de testosterona (que gera impulso de lutar). Esse tipo de perfil hormonal é encontrado em pessoas que lideram.
Amy Cuddy também estudou como a postura modificou o desempenho dos primatas (Reprodução: Indeed Interactive)
Os níveis dos hormônios na saliva dos pesquisados foram medidos antes do início do experimento e 17 minutos depois de a postura ter sido mantida por dois minutos. Os voluntários não sabiam que estavam participando de um estudo sobre posturas de poder. Ao final, eles receberam uma pequena quantia em dinheiro que podiam levar para casa ou apostar, ou seja, arriscavam-se a perder tudo ou a ganhar em dobro. Entre os que se colocaram nas posturas de poder, 86% tiveram coragem de arriscar. Já 60% dos participantes que ficaram em posições mais encolhidas, quiseram levar para casa.
O psicólogo e master coach André de Jesus Nonato acredita que o trabalho desenvolvido por Cuddy é de grande impacto, pois a pesquisadora também estudou como a postura modificou o desempenho dos primatas. “As pessoas podem até não controlar a crença, o sentimento e o pensamento, mas o corpo elas controlam. Então, eu posso pedir pra elas manterem o riso, colocarem os ombros para trás, pedir que elas gritem ou se movimentem. Isso faz com que elas sintam poder sobre a vida delas”, explica. Nonato acrescenta que com três meses praticando esses exercícios, o cérebro começa a estabelecer um novo padrão de comportamento e novos hábitos são formados. Consequentemente, os hábitos positivos geram resultados positivos.
Além disso, quando as pessoas começam a experimentar os resultados, o cérebro ativa substâncias que são coerentes com aquele comportamento. Então, rapidamente se nota a diferença: a tristeza desaparece. “O cérebro funciona com circuitos concorrentes. A pessoa só consegue ser triste se não for grata. Se o indivíduo praticar a gratidão, o cérebro deixa de reconhecer a tristeza” avalia o psicólogo.
Já para o neurologista Arthur de Carvalho Jatobá Sousa, as evidências da pesquisa de Amy Cuddy são frágeis. “Foram coletados os níveis de hormônios apenas alguns minutos após a postura confiante dos voluntários. Seria preciso investigar como as pessoas ficariam após uma hora ou alguns dias depois, para ver se o efeito é duradouro ou apenas imediato”. O médico também acredita que a pesquisa poderia ser comprovada se fosse realizada com mais pessoas.
Ioga e meditação
As práticas de meditação, autoconhecimento, técnicas respiratórias e ioga geram saúde e estabilidade emocional. Segundo André Nonato, as pessoas que praticam esses exercícios se alimentam melhor e o nível de oxidação das células melhora. “Se você dividir pessoas com câncer entre as que meditam e as que não, os efeitos da quimioterapia são mais amenizados dentre as que meditam”.
Acroyoga: técnica de acrobacia e ioga juntas
A professora de ioga e acroyoga, técnica de acrobacia e ioga juntas, Gabriela Dal Ponte acredita que é importante manter ombros relaxados, peito aberto e coluna alinhada para enfrentar o dia a dia. “O corpo acaba sendo reflexo do que a pessoa vive. A ioga prepara o corpo e a mente, trazendo a confiança necessária para a pessoa experimentar o que vier sem julgamentos”. Gabriela explica que a ioga corporal também trabalha a respiração, ajudando o praticante a entrar no processo de meditação.
Por Gabrielly Pimentel.