Ainda nos cumprimentos iniciais, Paulo Vieira celebra a conquista do Shorty Awards, prêmio internacional que é considerado o Oscar das redes sociais pelo engajamento do Programa do Porchat com o público online. O moço tímido no dia a dia desaparece quando o assunto é a carreira. Aí, Paulo é só paixão e entusiasmo
O humorista, ator, cantor e compositor iniciou no teatro com 5 anos, ainda em Trindade (GO), onde nasceu. Aos 9 anos, já compunha suas próprias canções. A carreira tomou proporções nacionais após vencer o Prêmio Multishow de Humor em 2013. Em 2015, venceu o quadro Quem Chega Lá, do Domingão do Faustão e foi eleito Destaque do Ano no Prêmio Risadaria de Humor Brasileiro.
Aos 24 anos, se consagra ao lado de um dos humoristas mais renomados do país no programa diário da TV Record. A reportagem conseguiu um tempinho na agenda de Paulo entre as gravações do Programa do Porchat, a turnê nacional do Risadaria e a gravação de um CD infantil, cuja renda será destinada a um projeto de médicos voluntários. Confira!
Paulo, me conta o início da sua carreira.
Eu comecei a fazer teatro com 5, 6 anos, ainda em Trindade, minha cidade natal, e sempre foi uma coisa séria pra mim. Quando a família se mudou para Palmas (capital do Tocantins), não havia uma companhia de teatro e o Sesc foi importante. Eu me lembro de fazer todas as oficinas de teatro que o Sesc trouxe para a cidade, assistir todas as peças. Desde muito cedo eu sabia que era isso o que eu queria para a vida, e de certa forma, isso é uma benção e uma maldição. Alguns amigos falavam: “eu tô em dúvida entre psicologia, direito ou farmácia”. Eu pensava “nossa, quantas opções essa pessoa tem”. Por outro lado, eu sempre me preparei para a minha carreira. Sempre fiz todos os cursos em Palmas. Sempre que pude, vim fazer cursos em São Paulo, investia todo o salário que recebia da fábrica (a família de Paulo tem uma fábrica de salgados) em figurino, para montar os espetáculos.
Quais são as suas maiores inspirações?
A minha mãe é uma grande inspiração. Ela me conta que quando eu era criança, por vezes, passávamos a manhã toda brincando de compadre e comadre. Eu dava voltas no quintal e aparecia na porta: “bom dia, cumadi”, e ela respondia “vamo entrar, cumpadi, come um pedaço de bolo”. Eu sentava, comia e, daí a pouco, saia pro quintal e voltava novamente. Ela estimulou a minha criatividade. Outra grande inspiração é a minha avó, que montava circo pra gente brincar, com pipoca de verdade pra gente vender e tudo mais.
Paulo Vieira venceu o Prêmio Multishow de Humor em 2013. Na final, apresentou esquete onde imita a mãe. Foto: Reprodução Multishow
Em que momento você vislumbrou que a carreira iria dar certo?
Eu sempre tive muita certeza que iria dar certo, mas um momento importante foi vencer o Prêmio Multishow de Humor, porque me deu projeção e respeito, inclusive dentro da minha família. As pessoas começaram a me olhar mais como um profissional no que eu faço.
Você é multitalentoso, é um grande ator de teatro, já fez cinema, é humorista, mas também canta e compõe. Existe alguma dessas áreas que você pretende investir com mais afinco?
Meu grande objetivo é me consolidar, ganhar espaço para poder mostrar meu potencial. A minha música, por exemplo, é algo que eu tenho muito cuidado. Enquanto ator, já fiz algumas coisas que eu não gostava tanto e não vejo problema. No stand up ou esquetes, eu falo do que é externo, do que eu vejo, do cotidiano. Já nas minhas músicas, eu falo do que eu tenho dentro de mim, do mais profundo do meu ser. Eu acho que é por isso que eu nunca gravei nada. Eu vi que não teria como fazer sucesso apenas com a música sem ‘prostituí-la’ de alguma forma. Então, é algo em que eu pretendo investir mais a frente. Pensando num mundo ideal pra mim, seria assim: ter um programa de televisão, que é algo que eu sempre quis fazer, de preferência por temporadas, todo ano. Gravar um filme a cada dois anos e gravar um CD, também a cada dois anos.
Apesar de dizer que sempre teve certeza que seguiria a carreira artística, você iniciou o curso de Comunicação Social. Por quê?
Quando eu tinha 16 anos e prestei vestibular, não havia Artes Cênicas na Universidade Federal do Tocantins e eu entrei em Comunicação Social porque era o mais próximo do que eu queria fazer. E eu não me arrependo, porque o curso me deu um olhar mais humano sobre o mundo e a história das pessoas. Hoje, eu entendo o quanto foi importante. As habilidades que o curso de Artes Cênicas me daria, eu consigo com cursos, com oficinas, no dia a dia, mas esse olhar só a Comunicação Social poderia me dar. Um dia, eu pretendo concluir as 10 matérias que faltam.
Como você conheceu e se tornou amigo de Fábio Porchat?
Em 2009, Fábio foi fazer uma apresentação em Palmas, com o espetáculo Comédia em Pé e eu estava na produção. Em uma das conversas, eu estava contando uma história e Sabrina (Fittipaldi, atriz) me disse que eles abriam para quem quisesse se arriscar em um stand up de três minutos. Porchat disse que eu deveria participar. Depois disso, nos encontramos em alguns eventos em São Paulo e, em 2013, ele foi jurado no Prêmio Multishow de Humor. Quando ele estava montando o novo programa, me falou para participar dos testes.
Como está sendo a experiência em uma grande emissora de TV? O que é melhor e o que é pior?
Vamos começar pela parte mais complicada. É um volume de trabalho que eu não estava acostumado. Eu entro para gravar às 9 da manhã e saio às 9 da noite. Além do programa, eu gravo esquetes, reportagens, também escrevo. Quando chego em casa, ainda interajo nas redes sociais, assisto o programa junto com os grupos que nos acompanham. Outro ponto é que as pessoas demoraram a entender o meu papel no programa, onde eu faço o sidekick, o fiel escudeiro, como o Robin para o Batman. Algumas pessoas estranharam que o Porchat estivesse falando com alguém famoso e eu fizesse uma intervenção, que é o meu papel. Mas agora, as pessoas já estão acostumadas. A parte sensacional é que eu trabalho com uma equipe incrível. Toda a produção do programa é maravilhosa. Os caras da (banda) Pedra Letícia são irmãos. E Porchat é um gênio. Ele é um grande ator, excelente apresentador e uma das pessoas mais generosas que eu conheço. Ele faz questão que todos cresçam junto com ele, escreve esquetes pra mim. De vez em quando, eu preciso dizer ‘olha, é você quem tem que aparecer aqui’. É uma coisa que não se vê todo dia, muitas vezes, eu via pessoas que tinham medo do meu talento. Com Porchat é completamente diferente, eu não sei se seria tão generoso quanto ele é.
Por: Ohanna Patiele.
Foto: Eduardo Eunomoto.
Tags
# Blog do Paulo Melo
Associado ABBP
Associado MCB
Da redação Blog do Paulo Melo
Entrevista
Paulo Melo BLOG
paulomelo.blog.br